O jeito que a gente ama 
Carrego uma mala vazia,
Numa estação quase sozinha quanto. 
Me engana o tanto que deseja, 
Me ama, talvez, por enquanto, 
E me odeia como quem beija,
Um louco jogado pelos cantos. 
Oh! Loira do timbre de ouro, 
Tão suave, tão estranha, 
Deseja-me, por espanto.
Só! Não me ama, pois sou santo
com um diabo no corpo, não diferente de tantos.
Ama-me, mas de um jeito pouco.
Amor  mesquinho, 
Desses que se encontra solto, 
Em qualquer esquina.
Odeia-me mais, não tenho dúvidas. 
Deseja-me, não sei por quê? 
Diz-me que me ama, assim, desse jeito, 
Do jeito que podemos ser,  
Assim, embora fraco, 
Embora miserável! 
Embora castigado. 
Amor meu!
Amo-te, de um jeito tão estranho, 
Assim: te querendo hoje  aqui, 
Amanhã, tão distante.
Talvez, mais miserável do que eu, 
só meu amor, que vive mendigando o seu. 
Amor estranho esse meu,
Mas quem haverá de dizer que não amo, 
Ainda que por enquanto.
Tudo isso pra dizer:
Que amo-te, apesar de tanto!    
Samuel Ivani 
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