#EuPrecisoFalarSobreOVerãoDe1993 é baseado na amizade entre minhas irmãs e um fato de violência que aconteceu com elas que me foi revelado anos depois. Escrevi primeiro como uma forma de homenagem, pois uma delas faleceu em 2012, mas depois fui percebendo que muito além de uma boa narrativa, o livro escancara o machismo nosso de cada dia que pode acarretar em sérias consequências.
Eu tinha doze anos, gostava de short-saia, chocolate do Fofão e da minha coleção de gibis da turma da Mônica, embora por vergonha não os lesse mais. Eu sonhava em ser Paquita da Xuxa, e era apaixonada pelo Fábio Júnior; não pelas músicas, era aquele charme que ele tinha ao mexer nos cabelos, que me encantava.
Eu tinha duas amigas inseparáveis; minha irmã, um ano mais velha que eu, e a minha vizinha Tati, de catorze anos. Passávamos tanto tempo juntas que a imagem de uma já estava atrelada a da outra.
Aos fins de tarde, nos sentávamos na calçada de frente para a rua e imaginávamos que todos os que vinham da esquerda eram namorados de Tati e os que vinham da direita eram namorados de minha irmã. Se fosse uma encruzilhada, talvez me sobrasse uns namorados também, mas eu não me importava. Quando surgia alguém feio, ríamos e caçoávamos uma da outra, como se realmente o casamento com aqueles passantes fosse para dali a duas semanas. Era muito divertido! Se tinha uma coisa que fazíamos bem, era gritar e rir por qualquer coisa, menos quando uma das três amargava uma paixão platônica por um professor ou por um ator da novela das seis, aí, chorávamos juntas.
Dezessete de fevereiro de 1993. Tati havia arranjado uma paquera e precisava de ajuda para um esquema marcado para as oito e meia da noite, na discoteca da minha rua. Usamos a desculpa máster e infalível: Tati iria dormir na nossa casa, e o ”intuito” era fazermos juntas o dever de casa. Duvido que alguém tenha inventado, ou melhor, duvido que alguém invente algo mais divertido que a melhor amiga dormir na casa da gente. A gente conversa a noite toda sobre amores eternos, garotos e ... é só sobre isso mesmo. Até que uma cochila, e a outra pergunta: “já dormiu? ” e ouve a resposta: “claro que não, pensando o quê?". “Viram o Jeferson hoje? Tava um gato! ” E, assim, a noite se vai sem que a gente perceba. É experimentar o paraíso.
Naquela noite, jantamos juntas, nos maquiamos, e tiramos a maquiagem. Não podíamos sair à rua maquiadas, pois nossos pais desconfiariam de alguma coisa. Deixamos somente um batom vermelho, nada discreto, e saímos, na surdina. Meus pais confiavam muito na gente, sabiam que nunca íamos longe tinham consciência que jamais entraríamos na discoteca. Não tínhamos, mesmo, a intenção de entrar; o esquema seria do lado de fora.
Oito e meia, nada da paquera de Tati aparecer. Nove horas. Nove e meia. Quase dez horas, e nada dele chegar. Estávamos, a poucos metros de casa e da discoteca, as três magricelas de batom vermelho, decepcionadas com o bolo que Tati tinha levado. Prestes a voltarmos para casa, um carro brilhante se aproximou e quatro jovens bonitos desceram, nos convidando para dar uma volta. Eu logo disse que não ia, minha irmã também relutou; então Tati, com o coração partido, não pensou duas vezes e entrou no carro. Para não a deixar sozinha, também entramos.
O carro saiu em disparada e Tati gritava feito uma louca, enquanto eu me mantinha apreensiva, pensando na surra que iríamos levar quando voltássemos para casa. Após algum tempo, um dos rapazes, muito alegre e com a respiração ofegante, coloca uma cerveja gelada entre minhas pernas e, fazendo movimentos estranhos e repetitivos, me beija. Eu não tive reação, estava com estranhos e não podia sequer me mexer. O carro parou depois de mais ou menos meia hora, me levando a crer que aquele pesadelo tinha acabado. Mas ali não era a nossa rua. Era um terreno baldio, estranhamente distante de tudo que eu conhecia. Fiquei no carro com um dos jovens e minha irmã e Tati foram arrancadas à força e colocadas no capô, pelos outros três. Não conseguiríamos gritar nem se pudéssemos, pois, a todo momento eles diziam que, se gritássemos, nos matariam.
Depois de uma ou duas horas, não sei bem, acordei; talvez naquele mesmo terreno, e com os meus próprios cabelos na boca. Quando consegui abrir os olhos, notei Tati desfalecida sobre minhas pernas. Meu mundo desabou pela décima vez, naquela noite. Mexi em seus ombros, mas ela não reagia. Empurrei seu corpo com a força que me restava e consegui virá-la, aí... vi seu rosto desfigurado e seus olhos sem vida. Tentei chorar, não tinha lágrimas. Tentei gritar, não tinha voz. Tentei ressuscitá-la, mas foi inútil. Olhei para o lado a fim de averiguar onde se encontrava minha irmã, e a vi: estava sem roupas, sentada um pouco distante, com a cabeça entre as pernas. Parecia chorar, e segurava algo em uma das mãos.
OU VOCÊ PODE COMPRAR DIRETAMENTE VIA PIX:
MINHA CHAVE E-MAIL ABAIXO:
SAMUKAIVAN@GMAIL.COM
ENVIE O COMPROVANTE NO MESMO E-MAIL QUE É A CHAVE PIX QUE LHE ENVIO O LIVRO EM RESPOSTA.
VOU LER O PROXIMO CAPITULO CHORANDO AQUI MAIS VOU
ResponderExcluirEu tive um momento de nostalgia ao ler o começo do texto, porque sim eu tinha uns 7 anos e queria ser paquita.
ResponderExcluirE depois me deu um desesperado na parte do carro e agora? Tô ansiosa, pois isso é encrenca.
Não fique Helana. A história já tá concluída, você pode ler o resto.
ExcluirAdoro essas histórias que me trazem a nostalgia da minha adolescência... quem nunca fez essas loucuras? Se a gente soubesse que a vida passa tão rápido, curtiria cada um desses momentos com mais afinco... mas nessa idade a gente só quer ser adulto o mais rápido possível!
ResponderExcluirQue história surpreendente, quando somos adolescentes não levamos muitas coisas á sério achamos que não vai acontecer nada. Essa história me deixou até um pouco desesperada,angustiada, essas meninas longe de casa, num carro com pessoas desconhecidas, que medo que elas devem ter sentido na hora, Samuel abraços.
ResponderExcluirContinue lendo, tem a história completa no blog, de repente é até real. Obrigado Lucimar.
ExcluirNo início é bem nostálgico, mas o fim dá uma certa tensão e tristeza.
ResponderExcluirSao 24 capítulos, leia o restante
ExcluirNossa, é uma aprienção curiosa muito massa.....!! Parabéns pelo trabalho, com certeza vou ler mais...
ResponderExcluirQue situação essa a das meninas... pensar que isso acontece todo dia e pode acontecer com qualquer uma independente da idade, nível social, ou informação, um verdadeiro horror!
ResponderExcluirAdorei a sua narrativa, vou continuar a história.
Obrigado Eduarda. Fico feliz que tenha gostado!
ExcluirQue Historia, fiquei emocionado, gostei da sua narrativa parece ser real,parece que estamos vivendo naquela historia...
ResponderExcluirLi e estou sem fôlego, estou indo para os próximos capítulos. É um assunto forte e acontece sempre nesse mundo. Muito boa essa história.
ResponderExcluirbeijos.
www.meumundosecreto.com.br
Nossa, quero o próximo logo! pliss kkk
ResponderExcluirNossa q desfecho triste meu Deus. Só de pensar q essas coisas acontecem diariamente me dá náuseas. O texto é muito bom e prendeu totalmente q vou lá ler a segunda parte RS.
ResponderExcluirBoa tarde, como vai?
ResponderExcluirNossa que incrível esse capitulo, realmente eu fiquei encantada com a história, pois amo historias com nostalgia. louca pra conferir os próximos capitotos dessa história. parabéns!
Oie tudo bem?
ResponderExcluirAmei seu texto ele tem aquele gosoto bom de nostalgia , não vou perde um capítulo se quer acabou de ganhar uma leitora fiel . parabéns pelo seu trabalho !
Coleção de gibi da turma da mônica é amor hein <3 nossa gente que texto forte, fiquei super tensa com esse final. Aquela tensão que sobe pela espinha e me deixa perplexa sabe? Achei que ficaria na curiosidade, bom saber que está divido em capítulos. Vou ver mais, obrigada!
ResponderExcluirNossa, eu fiquei meio chocada, mas hoje sabemos que histórias assim de fato acontecem. As vezes um mentira, uma saída com amigas, e confiar uma vez em estranho pode custar muito. Gostei muito, de verdade. Não tem como não se emocionar com a perda da Tati, mas a vida é cruel assim mesmo, infelizmente. Parabéns pela história!
ResponderExcluirBem, fiquei até arrepiada... Pode até ser uma história fictícia, mas tantas Tatis por este mundo fora que passam por essa devastadora experiência...
ResponderExcluirParabéns pela escrita. Vou querer ler a continuação. ;)
http://magarosa3.blogspot.pt/
(Rosa Rosa)
Oi Samuel, tudo bem?
ResponderExcluirEu comecei o texto achando que ia ser apenas mais uma história linear envolvendo adolescentes, mas esse final acabou comigo em todos os níveis. A sua escrita é muito boa e consegue levar o leitor para a cena dos acontecimentos. Sendo ficção ou não o impacto do texto é o mesmo. Ele foi feito para mexer com o leitor e consegue isto de forma espetacular! Parabéns!
Beijos!
São 24 capítulos, leia o restante...
ExcluirCiao, ciao!
ResponderExcluir''Eu sonhava em ser Paquita da Xuxa'' isso é muito eu! Rs. Eu queria ser uma delas quando pequena. Louca para ler a continuação. Também estou escrevendo mas ainda não postei nada. ;n; Nossa eu pensei que era mais uma historinha água com açúcar estilo Crepúsculo mas me deparo com um Game Of Thrones. Coitada da Tati...mas ela foi muito ingênua e as amigas se ferraram junto.
Mas gente, o nome do policial lá aaaa, eu tive que voltar aqui para comentar senão acabaria esquecendo. Primeiramente tua escrita é muito prazerosa, fico contente em saber que nossos escritores brasileiros estão conquistando cada vez mais espaço e liberdade, é disso que o povo gosta. Segundo, o assunto abordado é algo sério, vemos diariamente casos como o da Tati nos noticiários, me entristece o coração em saber que a mulher tem que se manter presa, privada de diversão, porque podemos encontrar pessoas como essas pela noite. Adorei o modo como envolveu na história e meus pêsames por tua irmã. Vou terminar os capítulos porque depois dessa preciso saber o final, rs. Beijão.
ResponderExcluirGente que tristeza me deu ao terminar de ler :( quando somos adolescentes acabamos não pensando ou se importando com os perigos. Vou ler os próximos capítulos agora, a história me prendeu muito!
ResponderExcluirFiquei emocionada com o final, este texto é uma verdade que tem acontecido muito. Na adolescência, pensamos como se o mundo é nosso sozinho, fazemos muitas coisas que certamente vai se arrepender mais tarde,o fato é que esta é a história que muitas vezes são mantidos em segredo em tantas vidas ... Vou ler os próximos capítulos.
ResponderExcluirAbraço.
Li o texto e, confesso, fiquei sem fôlego algum! Gostei muito da história, apesar de eu ter nascido em 95, haha! Com certeza irei ler todos os próximos capítulos!!
ResponderExcluirTerminar de ler este capítulo me deixou sem fôlego e sem palavras. É triste e ao mesmo tempo frustrante por sabermos que isso é algo que realmente acontece e que muitas vezes não temos o poder de impedir.
ResponderExcluirAdorei sua escrita.
Beijos
http://www.mundoinvertido.com/
Olá.
ResponderExcluirPrimeiramente parabens pelo blog e pelo post, texto prende a gente de uma forma que não da vontade de parar, além disso parece que passa um filme na minha cabeça, até porque quando eu era criança queria ser paquita, ahahaha.
Acho super legal histórias nostalgicas, nos fazem voltar no passado.
Beijos, blog encrespa
Uma história que nos remete ao passado, tbm queria ser paquita rs, mas que desespero no final.... Triste demais.
ResponderExcluirParabéns, comecei a ler as 18:50 e terminei agora as 21:10, senti ódio, raiva, nojo e ri junto com a personagem, e no final senti o alívio da oportunidade de adormecer seus demônios e viver a vida.
ResponderExcluirSamueeeeeeeeeel! Cara, é a primeira vez que leio uma história tendo convivido (mesmo que pouco) com o autor... É super interessante, sabia? Te imaginava escrevendo. Ah, queria te dar os parabéns pela história no geral, muito boa. E nos por menores... parabéns por ter conseguido fazer uma personagem mulher, que parece realmente uma mulher, como só as mulheres sabem... Isso é muito difícil. Fiquei aqui pensando e sou incapaz de criar um personagem homem que os leitores homens se identificassem. Parabéns! E parabéns por ter criado uma personagem mulher inteligente e forte. Casei de ler livros de mulheres fofinhas, docinhas e bobinhas... Você arrasou! :D
ResponderExcluirMuito Obrigado Paula! Apesar de ter convivido pouco com você, lembro-me bem da sua inteligência e da sua história. Grato.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSamuel, muito bom o manejo com as palavras, a descrição dos detalhes para despertar o interesse do leitor e a pausa dramática do primeiro capitulo deixando um gostinho de quero mais, preciso continuar para saber o que aconteceu em seguida. Parabéns pelo trabalho até aqui. Preciso continuar para comentar
ResponderExcluirComo faço pra ler o restante ?
ResponderExcluirGostei muito.Leitura que nos prende e nos faz querer ler o próximo capítulo. Li todos! Parabéns Samuel! Torcendo para que você consiga, o quanto antes, a liberação da editora. ��������������
ResponderExcluirQuerido Samuel, nem sei o que falar sobre essa incrível leitura.. apenas prossiga, você tem um baita talento!
ResponderExcluirPERSISTA!!!
Obrigado, 1000x obrigada por compartilhar
Ao ler o início da história bateu uma saudade imensa da minha época de adolescência e das minhas grandes amigas. Ao final da história senti muita tristeza e dor ao me colocar no lugar das meninas! É por isso que precisamos do feminismo e da luta contra o machismo para que histórias como essas possam ter finais felizes para as meninas. Parabéns, Samuel, você escreve muito bem, estou encantada.
ResponderExcluirTua narrativa é muito envolvente! Vc consegue nos captar e fazer sentir a história, desde as saudades pelas diversões da época até a angústia vivida por elas.
ResponderExcluirPartindo agora para o segundo capítulo, mas, desde já, parabéns pela obra!
Li o primeiro capítulo, no início, as primeiras palavras, me fez lembrar minha infância numa cidadezinha do interior , onde vivi feliz com minhas irmãs e amigas essa linda fase na vida do ser humano, tínhamos muita liberdade local porém vivíamos limitadas pelas regras dos nossos pais que eram muito rigorosos , que lembranças boas, porém quando chegou na narração do carro e do terreno entristece muito, pq naquela época 93 era tudo tão inocente , tão livre e sem maldade, casos assim eram raros e assim como no início da leitura me assustei , vou respirar pra voltar ler os demais capítulos. Parabéns ao escritor !
ResponderExcluirAdorei! Eu sou de 92, então me fez relembrar algumas coisas hahah vou ler o segundo capítulo!
ResponderExcluirEita, minha época, ninguém saí. Anos 90, fabio Jr. Saudades de tudo
ResponderExcluirEu comprei o seu livro no dia 25/06/19 eu gostaria de saber em quanto tempo chega?
ResponderExcluirIsabel T.A.Gonçalves.
ResponderExcluirEu gostaria de saber em quanto tempo chega o livro? Eu comprei no dia 26/06/19 e ainda não chegou.
Olá Ivani, me inscrevi no seu blog sou conexão Bélgica Brasil e no Instagram sou Zefina Uaiso, na realidade Alda Inacio autora do livro A cidade dos mendigos, estou lendo seu livro, é um prazer. Abraço.
ResponderExcluirOlá, já faz um tempinho que li sua história, e não consegui excluir a página aberta aqui na minha aba, justamente para mim não esquecer de comentar. Pq olha, q história maravilhosa!! Minha nossa, me prendeu de um jeito, eu não li eu devorei seu livro kk e rapaz vc deveria publicar, pq minha nossa, eu compraria, pq nossa a história me fez sentir de tudo, e eu adorei. E vc colocou de uma forma tão específica contando que parece ser real. Muitoo obrigada por compartilhar com a gente, e nunca deixe de escrever, pq vc tem um grande talento <3
ResponderExcluirPerfeito!!!!
ResponderExcluirOi como faço para comprar o livro ? Não quero digital , não tenho o abito de ler, mas me interessei fiquei curiosa pela história rss
ResponderExcluir