Eu já tentei fugir de mim mesmo.
Juro que tentei!
Corri, tentei mudar completamente,
Mas sempre que pensava ter me distanciado
O suficiente,
Sempre caía em versões de mim novamente.
Sempre que pensava ter conseguido,
Me pegava sendo EU, sem perceber.
Pois há tantos de mim.
Arrisco-me até dizer que sou multidão,
Sou um universo...
Embora não goste da maioria de minhas versões
Não consigo desvencilhar-me delas...
Ah, como eu queria, ao menos uma vez,
Ser como aquele que todos amam.
Aquele que agrada a todos,
Embora saiba que eles não existem.
Mas eu queria ser como eles...
Juro que queria!
É, uma de minhas mais vivas versões
É a de sonhador.
Sou um eterno sonhador...
Sonho no amor que sentes,
Ainda que ele não exista.
Sonho, às vezes, em ser um resmungão,
Quando me canso de ser simpático
Sonho, às vezes, em
ser bruto,
Quando me canso do amor que em mim não cabe.
E sonho... Sonho!
E é com estes sonhos que tento fugir de mim...
Mas, pelo o que as evidências me impõem,
Eu sou apenas o que sonho...
É, se pudesse me aproximar de uma definição
De quem eu sou;
certo
que diria que sou uma multidão de sonhadores...
Samuel Ivani
Samuel Ivani
OUÇA DECLAMADA