quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Filosofando






Os conceitos humanos que regem a moral, surgiram independentemente de um ser sobrenatural que os ditou; os dez mandamentos fora apenas uma forma de consolidar aquilo que já existia na sociedade humana como uma forma de resolver os problemas de se viver em grupo nos primórdios da civilização, desde que deixamos de ser nômades, ou antes disso, com a convivência em bandos.  

"Sem Deus não há razões para ser moralista!"
"Não existindo Deus tudo é permitido" Dostoiévski 

Retrucando essas afirmações corretamente:  Ora, qualquer um tem consciência que para vivermos em sociedade precisamos de regras, sem elas nos excluímos do meio. A vida é totalmente dependente; dependemos das outras pessoas, tanto quanto dos recursos a nossa volta para que o ciclo da vida continue. A natureza é um ciclo cujo necessita da independência e cooperação inconsciente, ou não, dos seus elementos. As formigas possuem regras em sua sociedade, e não carregam consigo o castigo do livre arbítrio, necessitam delas porque simplesmente foi a melhor forma desenvolvida pra perpetuar a espécie de acordo com as condições do meio. 
A nossa sociedade não se diferencia nessa regra. 

Parábola: 

Um homem cuida de um rebanho de caprinos a fim de prover carne e leite para a sua prole sem ter que ir à caça, pois com esta estratégia, além de poupar energia, ele elimina as incertezas de uma caçada mal sucedida. Outro indivíduo, na calada da noite, furta algumas de suas cabras e vai usufruir da carne e do leite sem que tenha gasto tempo, tão pouco a mesma energia que o cuidador das cabras havia gasto. O cuidador, ou pastor, se sentiu no direito de proteger sua prole. Como seu rebanho era a garantia de perpetuação dos seus genes, já que provia alimento para ele e seus filhos, não teve escolhas, senão, agir. Ele então, esperou o gatuno voltar, ciente de que voltaria, pois fora para o ladrão uma caçada fácil e eis que ocorrera como ele havia previsto. Então o pastor indignado surrou o invasor gravemente o levando a morte. Com essa atitude, houve prejuízos para ambas as partes. 

Havendo maldade (selvageria) ou não no indivíduo que furtou as cabras, em um grupo, não é bom que outro indivíduo usurpe do esforço do próximo, pois sobreviver gasta energia, e consegui-la, nunca é uma tarefa fácil. E essa proteção da energia já gasta, gera desavenças e morte. Creio que dai surgiu o senso de justiça, ou algo parecido com isso. 

Temos o instinto natural de proteger a nossa vida e nossa prole, cada um da melhor forma, no entanto, com a necessidade de viver em grupos, em sociedade, era preciso regras, caso contrário, não seria possível a convivência, uns usufruindo das energias adquiridas por outros. Não vejo necessidade de uma divindade para que o conceito de moralidade, ou que as nossas regras do bom viver como conhecemos exista. Na bíblia, o que ocorrera fora que senhores de posses, a fim de proteger seus patrimônios, viram que seria vantajoso colocar o "não roubarás" nas pedras de Moisés e, o mesmo ocorreu com os demais mandamentos divinos. E mesmo, essas regras não eram conceitos novos, pois tudo surge de uma necessidade real, causada por um problema real, sendo assim, todas as regras do "bom viver" da bíblia já existiam há tempos nas mentes humanas como uma estratégia individual e, coletiva, de sobrevivência. Agora segui-las ou não, é outra história. 

Samuel Ivani