segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Nem sempre são flores




Nem sempre são flores 

Eu, por infortúnio de um dia, caminhando, exaustivamente, repetindo o mesmo caminho que sempre faço, avistei uma flor. Era uma flor tão comum, tão singela, tão igual aquelas que eu avistei nos demais dias que por ali passei de propósito só pra vê-las. Ela tinha belas cores, parecia exalar um perfume tão suave quanto. E eu, inocentemente, coitado, pensei que aquela flor, linda, (ao menos assim, a primeira vista) que apreciá-la, me seria sempre agradável. Ora, pensei que as flores, por serem flores, sempre seriam belas, que teriam pra sempre as mesmas cores, as mesmas pétalas vivas, o mesmo cheiro agradável, porém me enganei completamente. Aquela flor escondia uma vespa em meio as suas pétalas, que disfarçada, escondia seu verdadeiro veneno. Eu que, de bobo, quis sentir o seu perfume, e descobri o amargo doce do seu Eu selvagem.  Se as flores não demonstram abertamente seus espinhos, elas sempre escondem algum veneno, é natural. Um momento ou outro, as flores murcham, ou machucam, da forma mais bruta que nunca se poderia imaginar de uma flor.   



Não há quem seja pra sempre meigo, pra sempre suave, calmo..., pois todos nós resguardamos dentro de nós o selvagem da nossa natureza. Se esta “humanidade” não se manifesta em palavras, em rebeldia ao sistema, aos santos, aos deuses, que seja; ela se revela em violência física.    Não me engano com pessoas de sorrisos constantes, com aquela passividade sem razões, com a falta de inteligência para se rebelar com qualquer coisa, ou mesmo de emitir opinião sobre as mazelas do mundo, a fim de desaguar o ódio que carrega na mesma proporção que o amor no seu intimo. Os ignorantes, aqueles que são sempre apáticos em relação ao mundo a sua volta, rebelam-se, no deslizar das gotas que jamais encheriam um oceano, contra qualquer coisa, porque não possuem inteligência suficiente para escolher onde desaguar a selvageria humana que carrega consigo. O problema é que essas pessoas normalmente levam anos para se mostrarem..., mas elas sempre murcham cedo ou tarde, e os frutos que surgem dessas flores, sempre são amargos e intragáveis.   O bom que com o devido tempo a gente conhece as pessoas. Elas sempre se revelam, uma hora ou outra.    
  

Samuel Ivani

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