sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Noutros tempos




Noutros tempos, eu seria rei.
Noutras dimensões, eu seria teu.
E se o tempo de que hoje pertenço não me apetece,
Talvez fosse melhor esperar que novos tempos viessem.
Mas eu preciso lutar, ir contra a ordem;
E eis que vou deslizando pelos dias como um verme parasita,
Vagando sem rumo aparente, sendo esse ninguém inútil,
Sendo esse tolo cujo todos pensam que não tem jeito.
Sim, porque o que ouço dos plebeus é que sou inteligente
Com grandes habilidades, mas falta-me coragem.
Eles, os reis, em meu lugar, certamente estariam ostentando um alto cargo
com um salário faraônico e viveriam como reis.
Mas nestes tempos, só tenho as palavras,
Só nelas confio, só com elas digo.
Daí, nestes tempos, eu não sou teu, não sou meu, ou de alguém.
Noutros tempos, tu serias minha, tenho certeza.
Poderíamos andar abraçados, despreocupados,
Porque a vida, sem qualquer preocupação em “ter” isso ou aquilo é sempre primavera.
Aí, tu serias Flor, tu serias Luz, radiante,
pois estaria do lado de quem de fato amas.
Sim! Sou eu o único quem vais amar,
Pois se parar pra pensar, fora eu, ainda que de forma implícita,
o homem a quem não conseguiu dominar.
Nunca me teve nas mãos!
Mas se fosse noutros tempos me teria no coração.
Noutros tempos, eu é que te teria nas mãos,
pois a conheço como conheço a mim.
Noutros tempos, Querida Víbora do deserto, seríamos “NÓS”!
E há de chegar esse tempo!
SAMUEL IVANI


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