segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Torto





Amar a mim? Não aconselho!
Sou inconstante, temperamental,
Desvairado, volúvel;
Eu posso amar-te em segundos sem razão nenhuma,
E posso odiá-la horas,
Mesmo que me dê todas as razões para amá-la.
E sou daqueles egoístas cujos
se importam apenas com as próprias razões.

Amar a mim? Não, não devia.
Eu não sigo a ordem dos demais no espaço,
Tão pouco no tempo;
Posso entregar-te flores em datas comuns
E esquecer de propósito dias importantes.
Posso viver de futuro, de esperanças,
E morrer de presente, por mais belo que se apresente.

Não! Amar a mim, terrível ideia.
Não compreenderia;
Posso acordar para ouvir as cores dos pássaros
nas noites de lua.
Vê que loucura?
Posso querer correr na chuva em direção alguma.
Posso querer passar horas a vislumbrar
Joaninhas em um tronco qualquer
Pois elas me trazem lembranças
de momentos que não vivi.
Vê que loucura?

Amar a mim? Não, não devia mesmo.
Eu sou fraco, medroso,
Precisaria que tivesse coragem por dois.
E vivo de sonhos; sou um sonhador.
Crio o meu próprio mundo e o resto que se exploda!
Sem contar que carrego a pior das moléstias:
Sou um romântico demasiadamente racional.
E ainda há o mais grave: eu imagino.
Não queira amar alguém que imagina!




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