sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Vale da sombra




Eu nunca mais escrevi nada, talvez porque esteja vivendo demais e não me sobra tempo pra reflexões.
Só que nessa de viver tenho me sentido vazio também,
mas não aquele vazio existencialista que me inspirava no passado.
Agora é um oco comum, sem elegância, sem saudade, perspicácia, ou mesmo desejo de liberdade.
Só quero ir pra frente, sem objetivos grandiosos ou corridas incansáveis atrás de sonhos impossíveis.
Ora, os meus sonhos estão aí: os desenvolvi, criei as mais variadas estratégias pra buscá-los, mas parece que eles vão correr mais do que eu sempre.

Estou me tornando finalmente, feliz ou infelizmente, mais um daqueles que caminha pelos dias resolvendo um problema de cada vez a medida que eles surgem.
Ando me dedicando a faculdade e pensando no futuro de poucos dias a frente, sem perceber a pequeneza das coisas que me vem à mente.
Tenho pensado que me bastaria um emprego fixo, de professor, que seja; uma casa simples, uma boa esposa e nada pra trás.
Nem mesmo me importo se ficar com o grande amor da minha vida.
Hum, "amor da minha vida!" Isso é coisa de adolescente!
Não. Pode ser qualquer uma, desde que morena e que carregue um sorriso de primavera. Nem isso também, pode ser uma fada dos confins da terra média.
Notem que esse texto é uma tentativa frustrada pra recuperar a fé no meu talento por ora enfraquecido.
Mas talvez eu seja como o violinista de Dostoiévski e criei a consciência da minha falta de talento pra justificar o meu fracasso.
A verdade é que eu já nem sei de muita coisa. Ando meio burro!
Ò céus, estarei eu caminhando no vale da sombra da normalidade e de tonto não percebo mal algum?
Ora, eu quis por força criar o meu próprio mundo e reneguei a vida como ela é inúmeras vezes.
A verdade é que eu falhei em tudo e talvez não me reste mais tempo pra me redimir antes que o galo entoe seu canto matinal.

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