quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Putas reflexões 2



Dada que a noite há de ser longa novamente, vamos lá pras putas reflexões do dia de hoje, que são todas interiores, uma vez que externamente nada me aconteceu. Só minha mente me apavora, então leiam:

Estive pensando sobre as grandes questões da vida: quem somos, de onde viemos, pra onde vamos? Existe vida após a morte? E depois de tanto refletir, esbarrei no multiuniverso, uma teoria que me custa acreditar por transcender demais a minha realidade dura e palpável. 
E existe sim vida após a morte: a dos outros. Acredite, as demais pessoas continuarão suas vidas mesmo depois que você morrer. E elas esquecerão bem rápido que você um dia representou um papel em suas existências. Certo que lembrarão uma vez ou outra em datas especiais, mas nada além. E não é por serem más o qualquer coisa parecida, é o instinto humano mesmo. O que você pode fazer a respeito é amar. Ame as pessoas. Construa o seu mundo de gente. Seja útil, pra quando você se for, as pessoas terem uma razão pra lembrar de você ao menos em datas especiais.
Quanto ao sentido da vida, segundo a Mafalda, é três linha cinco linha, ou o contrário. Ah que grande biólogo eu sou, não sei nem o sentido da transcrição e replicação do DNA. Eu não sei nem mesmo diferenciar uma da outra. Talvez a razão de eu continuar indo a faculdade, mesmo depois de cinco anos, seja a possibilidade de "te" ver outra vez. 
Eis o grande paradoxo da minha vida: amar aprender, mas odiar estudar. Gostar de ir à escola, mas ter uma profunda aversão ao ensino formal. Então a razão da minha existência talvez seja um punhado de pessoas especiais. Sim, porque eu não tenho a pretensão de ser biólogo, professor, cientista, essas coisas... 

Me parece que a minha vocação mesmo é observar as pessoas. Gosto de estar rodeado de gente e atentar em que elas são mais instintivas, pra não usar a palavra animal. Talvez esta seja a verdadeira razão da minha existência: ser um exímio observador de pessoas. Eu sou um ornitólogo de gente. Poderia me denominar antropólogo, mas como minhas observações são meramente recreativas e nunca aprendo nada, eu não passo de um turista observador de gente, como aqueles que observam pássaros. Sim, porque se eu fosse um estudioso de gente, eu teria aprendido um pouco sobre a vida e já teria dado um jeito na minha, no entanto olho em todas as direções e só vejo as placas dizendo não corra, não fume, não morra, então concluo que nunca aprendi nada sobre os homens. Então estude Deus, - dizia ela - Ora! Mas os homens são criados a imagem e semelhança de Deus, logo, tanto faz estudar um como o outro. Ah, mas não quero refletir sobre isso. É chato, catequético, e eu deixei esse vício faz tempo. Nada mais chato do que a tentativa de convencer os outros sobre suas ideologias. 

Eu quero refletir sobre o sabor da manga: sendo a manga originária da Índia, fico pensando que país magnifico e de sabores fortes é a Índia. Talvez a pimenta malagueta também seja de lá, o caju, sabe-se lá, os teus olhos negros, teu sorriso, vai saber. 
Mangífera indica, sempre que repito esse nome me lembro de sonífera ilha. Não sei quem canta essa música, talvez Titans, Barão vermelho, ou sei lá mais quantas possibilidades, mas a sonoridade é parecida. Sou péssimo em português, deve ter um nome pra o som das palavras, fonema, sei lá. 

Puta que pariu, agora bateu a realidade: eu não sou bom em nada. Eu sou um escritor e não sou bom em português. Ah não dá. Mas Saramago sempre foi brilhante no texto, embora 
também nunca tenha aprendido a fazer parágrafos. Agora me fodi mesmo. Brilhante no texto eu não sou mesmo, basta ler as palavras acima pra que se comprove isto. "Carai eu sou um merda mermão!" Poxa, deixasse eu viver em minhas ilusões, mas acabo de concluir que não sou bom em nada e fracassei em tudo. Como pode um peixe vivo viver fora da água fria? E ainda soberbamente fico me comparando a Saramago. Pode um negócio desse? 
Recolha-se a sua insignificância! Entenda que você nunca passará dos arreios de um cavalo já morto e, por esta razão, deixado pendurado no torno da casa onde ninguém nunca cogitou a possibilidade de armar uma rede. Sério isso Arnaldo? 
Ah parei!  A puta reflexão de hoje, em vez de me deixar sereno, seguro de mim, me deixou pra baixo. Voltarei ao meu sono dos justos, é o que me resta. Nunca serei nada, você tinha razão Fernando Pessoa.

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