Impuseram-me a beleza que enxergo,
A flor, o amor que nunca espero.
Sou assim: partes do aquém, bem longe de mim.
Impuseram-me o gosto pelo os livros,
As pessoas que aprendo amar,
Os ventos que me devem envergar
E a solidão em meus risos.
Minha poesia também não é minha.
Inspiro-me na vida dos outros;
No absurdo, no ritmo dos loucos.
Eu, coitado, estou apenas nas entrelinhas.
A maldade, o pecado comum a todos,
De mim não provém.
Meus, são só os outros e os castigos do além,
E também a morte, que é minha, mas de todo mundo também.
Este amor que digo que amo, também não é meu;
Pois nascera ele, da curva dos teus olhos castanhos
Vingou-se e fora regado por teus encantos,
E morrerá de ti, dessa tua espera e descanso,
Mas renascerá noutros olhos, assim, de repente, de espanto...,
Como este amor meu, que é teu, desencantou-se.
Como este amor meu, que é teu, desencantou-se.