quarta-feira, 16 de julho de 2014

Quando eu cresci



Antes, eu percebia que não tinha asas,
Mas queria voar com toda força;
Antes era um pássaro e não queria pousar,
Era um pássaro e não precisava de garras.
Hoje sou águia, e só preciso voar até a Itália,
 Para afiar minhas garras, nos  mármores de lá.
Não afia direito, mas é chique.

Antes, eu acordava com o coração acelerado
Louco pra viver...
E acordava pra sonhar. 
Havia tanta vida sob o sol.
Pouca gente, mas tanta vida!
Hoje, adiu o levantar, o sol não mais me chama.
Até parece que crescer dá preguiça de viver.
Hoje, não  vejo muito lá fora:
Há tantos falsos sonhadores
Destruindo os sonhos dos outros,
Que até dá vergonha de sonhar.

Antes, eu tinha tantos medos;
Medo do escuro, de lobisomem,
Dos discos voadores...
Eram medos tão reais que, no entanto,
No fundo, eu sabia que eles existiam
Apenas em minha imaginação.
E Isso, me tornava mais  vivo.
Hoje os medos são reais até demais;
Tenho medo de morrer,
Medo de perder aquilo que preciso tanto,
E além, o que não preciso também,
Só porque todo mundo tem...
Os medos que antes me tornavam vivo,
          Mudaram, e hoje,  eles me impedem de viver...    
      Até parece que crescer dá medo de viver.



 Samuel Ivani