domingo, 6 de julho de 2014

Ser diferente é um erro?


Decidi que se é pra viver de sonhos, assim como a maioria, eu vou tentar calar a voz dos ventos, sentir a cor das estrelas, falar com as árvores, acreditar no invisível e ter a certeza do que  não veem nem os loucos. Que importa! Sei que não me julgarão um louco,  estarei apenas seguindo meus semelhantes. Vou amar quem não me ama o tempo todo. Se bem que, amar de verdade, é detalhe. Vou viver de sonhos, e morrer, de vez e sempre, de realidade.                                                                                                         
E se é pra ser como a maioria, eu vou ouvir os conselhos mais bizarros e surreais, de quem não conhece a vida além do seu próprio nariz. E vou seguir estes conselhos, apenas nas vistas de quem me aconselhou, afinal, sozinho sou outro. Vou tentar agradar gregos e troianos, se assim, isto me propiciar alguma vantagem... Não serei mais eu na maioria do tempo, mas que importa!                                                                                                                           
Eu vou viver e tentar ser feliz. Vou tentar conquistar aquele emprego desejado por a maioria dos que me cercam, pois eu, sendo humano como todos, não posso saber o que quero. Preciso, invariavelmente, querer o que todo mundo quer, e conquistar todos os desejos dos outros, caso do contrário, serei um fracassado aos olhos da maioria. E o que realmente importa,  é o que os outros pensam de você. E as opiniões da maioria a respeito de suas atitudes é que ditarão sua vida. 
Suas verdadeiras virtudes, são  elucidadas, de acordo com sua capacidade de simular os sentimentos, já que o que importa é o que veem as pessoas ao seu redor, então, pouco importa se está sendo verdadeiro ou não.  
Não serei eu na maioria do tempo, mas que importa! Não me destacarei em meio à multidão. Serei só mais um; bobão, me sentido  especial por ser um animal que fala, sonha, pensa, que é capaz de destruir seus semelhantes sem razões reais. Que é capaz de simular sorrisos, de mentir, de ser hipócrita... E que mesmo com todas estas características que devia me tornar herói,  não passo de só mais um, semelhante a tantos. 
Porém,  não é possível que gerações e gerações que viveram e garantiram a sobrevivência da espécie estivessem errados esse tempo todo. Certo que morrerei e serei esquecido, mas quantos também não nascem, crescem se reproduzem e morrem e nem sequer são lembrados enquanto vivem... Enfim, eu serei só mais um nesta longa história de sucesso. Tolo eu seria se resolvesse ser diferente. 

Samuel Ivani