sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Assovio, porque perdi as palavras


E eis que me dei conta
Que nunca disse nada;
Que as  palavras por mim  proferidas
Eram a tua inspiração em mim,
E de mim mesmo, pouco tinham.

Eis que me dei conta
Que preciso de ti.
Pois sem ti, sou mudo,
Sou surdo
E deixo até de me ouvir.

Eis que me dei conta
Que os beijos que não roubei
Fazem de mim um cretino,
 desses que amar é um brinquedo,
nas mãos  de um menino,
sem apego e descartável,   
se lhe oferecido um passarinho.   

Eis que me dei conta,
Que as emoções,
Início de minhas palavras,
Eram a possibilidade,
mesmo a impossibilidade,
Da tuas palavras em mim.

Eis que me dei conta
Que esse amor que não vivemos
Me mantinha vivo,
Pela possibilidade ilusória,
De um amor de verão
Vivido num inverno maldito
De uma doce espera esquecida. 

Eis que me dei conta
Que esses prejuízos de te amar
Enriquecem-me de palavras,
Que mesmas ditas aos ventos,
São ditas, e elas hão de voltar,
Em pensamentos a assoviar... 
Ah, assoviar. 

Eis que me dei conta
Que qualquer equação,
Sempre termina em soma,
Mesmo de longe,
Nesses negócios estranhos de amar. 

Samuel Ivani