Quem eu sou? Talvez eu devesse
ser demasiadamente humano, mas penso que se eu decidir ser quem eu sou eu seja crucificado. Bem. Eu poderia ser um indivíduo alienado que esconde seus
defeitos desesperadamente. Poderia tentar,
a todo custo, ser sociável, ser
agradável, porém isso me custaria deixar de ser eu. Devia
esconder, assim como todos, os meus preconceitos e fingir que todas as pessoas são agradáveis companhias, que não
rotulo alguém à primeira vista, assim como todo mundo, e, portanto, ser hipócrita o suficiente para
fingir que isso não é natural dos seres humanos.
Eu devia ser humano o suficiente pra ir contra a ordem que rege a vida e não almejar o que todos um dia já desejaram e, passar a viver no mundo que há em minha mente, só sonhando; afinal ele é tão vasto, tão mais agradável que a realidade.
Eu devia ser humano o suficiente pra ir contra a ordem que rege a vida e não almejar o que todos um dia já desejaram e, passar a viver no mundo que há em minha mente, só sonhando; afinal ele é tão vasto, tão mais agradável que a realidade.
Para onde eu devo ir? Talvez devesse ir de encontro
aquela estrada escura cheia de flores que um dia sonhei caminhar com alguém, pois
ela se encontra em minha mente, intacta. O tempo deteriora algumas coisas, mas apenas
aquelas que vão se tornando menos importantes ao ponto de não valer mais apena gastar tempo sonhando. Há tantas coisas pelo que vale apena sonhar.
Eu
deveria, sem sombra de dúvida, fingir que não aprendo a gostar de todas as
músicas, poesia, livros, que as pessoas que julgo essenciais gostam; pois
preciso provar que tenho uma personalidade formada sempre e que, não sou
influenciado pelo os outros e, portanto, mais uma
vez, ser um hipócrita desprezível.
Pelo que, eu talvez devesse largar tudo e morar em baixo de uma árvore, como um louco, a fim de sofrer apoteose e me tornar um mito de alguma aldeia distante em que ainda resguarda uma identidade não deturpada pelo o ato de pensar constante, tão inerente a poucos homens modernos.
Pelo que, eu talvez devesse largar tudo e morar em baixo de uma árvore, como um louco, a fim de sofrer apoteose e me tornar um mito de alguma aldeia distante em que ainda resguarda uma identidade não deturpada pelo o ato de pensar constante, tão inerente a poucos homens modernos.
Bem. Eu
poderia ter fé, algo que é tão humano, e
crer que estas palavras serão lidas por todos e então me utilizar de eufemismo
para não ser reprovado. No entanto, sou cético e realista, e compreendo que a
partir desta parte, pouco importa o que
eu escreva, pois apenas aqueles selecionados lerão. Sinta-se privilegiado se
chegaste a essa linha de honra! Eu devia mesmo, era deixar a barba e o cabelo crescer e sair em
uma jornada sem destino a fim de me encontrar em um lago congelado de um
deserto cheio de vida. Sendo que depois que não encontrasse nada parecido, chegaria
à conclusão que sou um ninguém selvagem e, portanto, só havia gastado energia à
toa.
Eu devia mesmo era compreender
que a gente está sempre mudando com tudo; com as pessoas que surgem e se vão
com o tempo, com as estações, com os sonhos que cansamos de sonhar, as músicas
que ouvimos, com os livros que vamos lendo e com as pessoas que vamos aprendendo
a amar e deixando de amar também... Tudo
isso é tão natural. São tolos aqueles
que pensam que a gente só ama de verdade uma vez. O fato de pessoas que
acreditam nisso existirem, só prova que existem pessoas que não sabem amar. Eu já amei de tantas formas uma única pessoa;
já tive amor de saudade, amor de vontade, de tristeza, amor de falar pro mundo
inteiro e, também de profundo silêncio, mas sempre querendo gritá-lo aos quatro
ventos. Se existe uma verdade no mundo é que não existe amor de silêncio. Mas já
amei tantas pessoas da mesma forma também, e isso não me torna alguém desprezível,
apenas humano, como tantos.
Eu talvez devesse mesmo é aceitar que se eu fosse
normal, deixaria de ser quase o todo de mim e que sem você deixo de ser eu.
Samuel Ivani