sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Lírios dos campos




Lírios dos campos

Não houve ou haverá alguém no mundo
Mais amargo do que eu!
Eu:
Não me comovo com o sacrifício alheio,
Não me importo com os espelhos que refletem o meu Eu.
Tão pouco, com o que pensam os tolos!
E os sábios, esses, apenas acham que pensam.
Amargo sou e,
as poesias de amor, perseguem-me,
como formigas ao açucareiro.
Tolas!
Assim, como os campos floridos que
 sempre me aparecem,
Desavisados, coitados, que dentre os lírios,
Não há quem exale odor mais fétido do que eu.
- As formigas que se alimentem de outro doce!
Eu,  sempre fel, sempre egoísta,
Não acalento coração que arde.
E de que me serviu uma vida de amores?
De nada! De nada!
 Sou intragável, amargo!
Não há quem tire isso de mim.
Até os deuses já me rotularam:
Blasfemador dos amores,
Demônio de cetim.
Não me importo!
Pois de que me serviu uma vida inteira de amores?
De nada, de nada!
Que castelos eu levantei?
Que princesas eu salvei?
Fui apenas o veneno que fechou suas pálpebras!
Se hei de ser vilão, e nada,
Que assim seja.
Que eu espreite o rebanho,
E de vez e sempre furte um beijo de amor
que me alimente.
E retorne, até que não haja mais amor. 


                                                                                                  Samuel Ivani 

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