quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Migalhas






Migalhas 

Caminho mendigando umas gotas de amor;
Umas gotas de atenção,
Umas fagulhas  de razão,
Numa tola tentativa de me encontrar.
Nada sou!
Além de um pedinte asqueroso, nada sou!
Pouco tenho a oferecer.
Não passo de  um vazio coração
em busca de se preencher.
Arrasto minha insignificância por aí,
Na esperança de me encontrar
em meio aqueles que carregam a vida.
Um louco,
proferindo palavras de amor, sabe Deus a quem,
na esperança de não ser reprovado.
Se ao menos eu fosse um pingente  falso, cor de ouro,
 ver-me-iam ao menos enquanto refletido ao sol.
Onde esconderam o meu brilho?
- Tu não tens brilho, tolo!
Tu, não passa de um pobre fora dos trilhos
- Dizia ela, quem um dia amei.
Rastejo-me por aí, desde então,
mendigando umas gotas de dignidade
uns malditos sorrisos que me alegre.
Sou um mendigo sujo, bêbado,
Que profere juras de amor aos ventos e que,
 em segundos,   o mundo as  esquece.
Eis a grande verdade dos sentimentos:
Não há juras de amor eternas!
Mas se em vez de rastejar-me por aí,
Eu corresse?
Saísse  em busca do que desejo e,
Naquela ânsia, cheio de vida,
Saísse furtando o brilho das flores,
O doce das amoras,
O canto dos bem-te-vis,
O verde dos pastos
Simples assim!
Por que não?
Tudo isso há em mim.
É!
Mendigar pra quê?
Tudo que eu preciso pra me encontrar
está dentro de mim!

Simples assim! 
                                                                    Samuel Ivani 


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