Pierre Auguste Renoir 
O amor é o curto espaço de tempo que notamos refletido dentro dos olhos do outro uma janela aberta com um mundo inteiro lá fora e, por escolha, estamos olhando aqui dentro.  
É um abraço de longe em si mesmo, imaginando o calor do outro como se estivesse perto. 
É um sonho de uma noite de verão que acorda a manhã de alguém que foi dormir triste com um belo sorriso no rosto.
O amor se encontra  naquela saudade gostosa da certeza que vamos nos ver amanhã; 
Naqueles sorrisos despercebidos que não querem ser contidos quando lhe vem na memória uma doce bobagem vivida.  
O amor se encontra naquela pausa despercebida ao nos deparamos com uma frase que foi escrita pra gente, pois não tem sentido real. 
Se nota que é amor quando se repete uma rotina chata há muito tempo e, de repente, apenas imaginar que alguém especial existe, faz com que todo dia a partir dali seja deliciosamente diferente. 
O amor é um sopro que, senão inalado, se esvai com a gravidade e o tempo. 
É a vaidade proporcionada pela ilusória posse mútua de quem sempre venerou a liberdade. 
É aquela inocência egoísta oriunda da certeza que vai ser pra sempre. 
O amor é a ridícula ilusão de que exercer o amor não é ridículo.
É a capacidade de se amar as ervas daninhas que foram pisadas à dois num dia feliz.
O amor é aquele momento da vida que esquecemos as certezas.
O amor é aquilo que passa.
Eis o amor de fato.
Eis o amor de fato.

 
