sábado, 3 de dezembro de 2016

Um conto para bobos



- Marchem homens, levantem aquele coração de gelo e averíguem se aquele amor matreiro não se escondeu por lá. Se lá estiver, podemos presumir que tal criatura da natureza é um tanto tola de se esconder por detrás de um coração frio e apertado. Garanto que os dissabores do esconderijo não se equivalem aos probleminhas do amor vivido abertamente.  

- Sim senhor, aqui se encontra um amor, mas não se parece com o que procuramos. É inseguro demais e treme feito vara verde. Não é ele com certeza. 

- Não percamos tempo então, vamos continuar a busca.
Procurem por detrás daqueles olhos de águia, daqueles cabelos de sereia. Tão bela criatura deve esconder, não só um, mas diversos amores. Verifiquem se o nosso se perdeu também naqueles encantos. 

- De fato senhor, aqui se encontra diversos corações perdidos, mas garanto que não o que procuramos. Veja, parece que todos caíram numa armadilha e agora naufragam no superficial da beleza, da estética, e agora não sabem se vão ou ficam. Descartemos todos esses, com certeza não é quem procuramos.  

- Marchem homens, que a procura não deve cessar. 
Vejam, fucem àquela  criatura solitária, deve estar por lá.  Não desistam! A deixem de cabeça pra baixa, virem-na do avesso, mas não a deixem em paz enquanto não encontrarem um amor por lá, nem que não seja o nosso. 

- Senhor, apesar da descrença, não foi difícil encontrar. Parece-me que por aqui há amor de sobra. Veja, tem aquele da infância que por determinação não pôde ser vivido. Tem aquele da adolescência, que também por determinação não pôde ser vivido. São todos tristes, é fato. Olha só esse, o amor da faculdade, inteligente, sensato, sonhador; era o momento certo pra viver um amor, mas o medo e os pensamentos também o impediram de ser vivido. Trágico!  
Opa, mais um amor aqui senhor!

 - Vamos, descreva-me. Talvez seja o nosso!

- É soberbo senhor, tem a cara fechada e parece que não tá nem ai pra gente. Não parece que quer ser resgatado, pelo menos, não por nós.  

- É o nosso, tragam-no. 

- Mas, não me parece que vai dá certo. Senhor, é preciso que eu diga: ocorreu-me que vais cometer o mesmo erro de outrora em que escolhera um amor parecido. O senhor está se tornando essa mesma criatura que guarda todos esses amores, porque escolhe demais e quando finalmente toma uma decisão, não é o amor certo e, assim, vai acumulando amores não vividos. É só um conselho.  

- Não sejas tolo soldado! O amor tem dessas de escolher as pessoas erradas mesmo, e não importa as experiências, em matéria de amar, não se aprende nunca. Tragam-no, é preciso tentar, mesmo contra tudo. Tragam-no, é uma ordem, meu coração precisa ser preenchido. E também talvez eu que não seja o amor certo pra alguém e, por esta razão, a procura sempre se demonstra inútil. Paremos com essa busca, senão for esse, uma dia aparece outro.
- Marchem! 

Compre o e-book com mais poemas como este clicando no link abaixo e ajude esse sonhador de araque:
https://www.amazon.com.br/dp/B01MU4ADK2


Nenhum comentário:

Postar um comentário