Livre,
filho das águias, digo que preferia ser escravo, pois
não sei lidar com a liberdade.
Só a uso em prol de minha ruína.
Parece-me que nasci pra lama do meu
presente.
Quem dera que os grilhões da
vergonha me atassem aos
troncos do bom viver.
Que os açoites da vida comum me
pusessem no meu lugar, assim sendo,
as farsas que sou, cairiam por
terra.
Pois eu não sou esse cara risonho,
não sou essa mente externa.
Cá dentro morre um homem,
Cá dentro estrebucha um louco que
sabe pra onde ir e que não sai do
lugar.
Sou ignóbil, escória da humanidade.
Minha carne apodrece, pois não sou
digno dessa terra...
Eu devia construir não me canso de
repetir, eu devia construir.
Aceita
essa tua insignificância.
Sejas o que és!
Ser artista, pra quê?
Somos meros pedaços de merda a fim
de exalar um odor que não seja de merda.
Vejam: estraguei...
Estraguei o poema
Aceita, tu não tens talento nem pra
envergar a haste de uma flor ranzinza
dirá, um coração fresco de menina.
Privem-me da liberdade de ir e vir
Que eu fique aqui onde estou e
aceite que nunca serei nada além do
mourão donde amarram as rédeas dos
cavalos.
um cabide: suporte pros chapéus de
homens bem mais ridículos que eu.
Duvido que sejam mais ridículos!
Escuta teu coração, escuta teu
coração!
Ah finito... Finito homem a fim de
torna-se eterno
Não sejas tão ridículo!
Não sejas tão ridículo!
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