quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Saudade de sentir


Tenho saudade de momentos que se passaram apenas em minha mente. Mas quem haveria de dizer que não foram reais. Tenho saudades dos sorrisos que provoquei, dos sorrisos que deixei disfarçados em dores. Tenho saudade das pessoas importantes que passaram, e que, ironicamente ainda continuam... 

Somos o mundo ao nosso redor, somos as pessoas ao nosso redor, pois ninguém pode SER sozinho. Logo, eu fui em algum momento aqueles castelos dourados que as pessoas a minha volta construíam em mim. Agora, como tanta gente se foi, ou eu que fugi delas, pouco importa, denomino-me ruínas de uma construção antiga, onde amores; guerras, alegrias, dores, por ali passaram e poucos vestígios restaram. Hoje, nem amor, nem dor, nem nada, só essa saudade seca, que nem chega a ser triste. Eu só pedi que não me roubassem às emoções de sentir qualquer coisa. Não era pedir muito, era?  

Eu preciso daqueles sorrisos, daqueles desejos bobos de querer, a todo custo, chamar a atenção de alguém com uma aparente infantilidade. Sinto falta de arrancar uma ira, assim, de propósito, só pra ter o prazer de pedir desculpa depois. Tenho saudade de fazer um elogio cheio de segundas, terceiras, infinitas intenções. Tenho saudade de, com antecedência, bolar os mais tolos diálogos, só pra inserir no contexto as minhas piadas bobas e sem graça, que fazem qualquer pessoa rir, exatamente por serem toscas. E aquele desdém, de propósito, para que o outro sinta que não se importa, só pra que ele implore a sua atenção? Essas aparentes bobagens é o que vale a pena na vida. Eu tenho saudade da felicidade que proporciona as bobagens previamente pensadas, típicas de quem ama. 

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