Cria-se uma desculpa ali. Ilude-se
aqui. Há sempre uma tentativa de não ver
o que ocorrera há pouco tempo atrás. Inventa-se um conforto para um coração
machucado de vez e quase sempre, um pouco além. Encontra-se um ciúme ali que não
existe, para tentar compreender a razão de alguém ter agido de determinada
forma. Inventa-se desculpas o tempo todo, todo o caminho. Reflete-se sobre a
noite anterior e, por alguma razão, desvenda um motivo para julgar que os erros
cometidos, na verdade tenham sidos seus
e não do outro. E para dar razão para o desejo de tornar a
falar com o outro, descobre, com veemência, que quem agiu de forma errada tenha
sido, de fato, tu mesmo. Pois entende que deveria ter feito companhia a quem
tinha prometido, por que simplesmente estar do lado dela era a melhor coisa de
qualquer dia. Mas o receio de parecer que precisa do outro demasiadamente o faz
tomar decisões que nem sempre agradam os que o cercam. A questão é que, é difícil
para alguém egoísta ao extremo, demonstrar que precisa do outro o tempo todo,
como se este lhe fosse necessário para viver bem. Viver bem, pois a vida sempre
continua independente de tudo.
O ruim de tudo isso é que os
homens sempre encontram o que buscam e “mentir pra si mesmo é sempre a pior
mentira”. Eu que tolo, não ouvi a voz doce e suave que me cantou isso um dia.
Como eu queria que me surpreendesse cantado isso de novo, demasiadamente alto,
sem ritmo, sem melodia, assim como se canta por cantar, sem pretensões de
agradar, nem sequer ser ouvido, apenas cantar. Tudo que eu queria que
imaginasse dragões e cantasse. Pois eu notei, tão linda, que ela esforça-se pra
me agradar, eu que tonto vejo e não retribuo. És tão linda fazendo coisas
simples do dia-a-dia. Era preciso que eu chegasse devagar, e lhe beijasse o
pescoço e dissesse com todas as letras que ela era a pessoa mais linda do mundo
que há em minha mente.