Eis que retorno a minha condição
natural; aquela sensação estranha, ou melhor, aquela certeza humilhante de que
fui idiota o tempo todo. Depois que os sentimentos passam, todas as ações
perdem o sentindo. O que não muda são as letras das músicas que relacionamos
aquela pessoa que um dia alimentamos qualquer coisa muito parecida com amor.
Alguém precisa avisar os vizinhos, no rádio, enfim, ao mundo, que eu não
consigo mais ouvir aquelas músicas. O problema de relacionar músicas às pessoas
é que as músicas não mudam de acordo com as nossas
desilusões. Já as pessoas mudam o tempo todo. Eu mudo num piscar de olhos,
principalmente a direção do meu olhar.
Hoje vivo aqueles embaraços corriqueiros tão
conhecidos meus; aqueles que nos levam a pensar, o quão bobos fomos, ao agirmos
impulsionados por qualquer sentimento que nos dominava. Não os repugno, não os torno menos nobre do que os
sentimentos que sentia enquanto vivia aqueles amores que inventei em minha
mente. Todos são dignos de honra e me constroem de alguma forma. A verdade é
que existem pessoas intensas demais, que não se contentam com meios termos. Essas
pessoas acabam utilizando sentimentos que seriam suficientes para serem gastos
em anos em poucos segundos, pois o
desgaste é proporcional à intensidade. - Acabo de desvendar uma lei matemática
e relacioná-la aos sentimentos humanos. - Vejam: como posso eu menosprezar os
amores que inventei todos esses anos, se eles me rendem tantas descobertas
importantes?! Isso é muito clichê!
Uma vantagem meus queridos
leitores: a partir de agora, me terão sendo eu de novo, com aqueles poemas
fortes, sem hipocrisia, sem a tentativa tola de não decepcionar alguém. Mas uma
vez eu quero que o mundo se exploda e obviamente, que leve junto os hipócritas que
por aqui vivem melhores do que eu. Que
se vão com suas frases clichês, com seus sentimentalismos baratos...!
Cumprindo a promessa de Arnold Schazenegeer: eu voltei e comigo,
diferentemente do que se espera, não voltaram às andorinhas, e sim corvos,
abutres, hienas, dilaceradores de vísceras, exatamente como as pessoas que
dilaceram meus sentimentos gratuitos. É natural dos homens menosprezarem o que
lhes é oferecido sem a exigência de recompensas. Eu é que sou bobo demais.
É
Dostoiévski, seguindo seus conselhos tenho sido idiota desde a minha juventude,
espero que a sabedoria me surja a qualquer hora, como prometido.
ME AGUARDEM!