sábado, 22 de julho de 2017

O vendedor de abraços



Um homem se dispôs na esquina mais movimentada da cidade pra onde havia se mudado há pouco tempo no intuito de vender abraços. 
Vestido "fofamente" de cão de pelúcia, ele tinha como certo que ganharia a "vida" desenvolvendo tal atividade, uma vez que segundo a sua concepção, todo mundo precisava de abraços. E como ele tinha aprendido muito cedo que carinho não se oferta gratuitamente e sim precisa se conquistar a muito custo, então vendê-los era a decisão mais acertada. E também ele concluiu que abraços sinceros estavam cada vez mais raros, ou seja, a demanda era maior que a oferta e o sucesso do seu negócio era garantido.
Retirou da mochila uma placa com os dizeres:
"Vendo abraços! Pergunte-me o preço!" Ora, a propaganda é a alma do negócio.
Nas três primeiras horas em que ele dançava e fazia piruetas de modo atrair clientes para o seu negócio, os transeuntes simplesmente desviavam dele como se ele fosse um poste comum de tão cinza. Aquela indiferença o levava a crer, por vezes, que ele era invisível, apesar da roupa, da placa e tudo mais.
A certa altura, já descontente com toda a humanidade, ele se deu conta que talvez as pessoas não estivessem dispostas a pagar por algo que poderiam receber gratuitamente das pessoas que amava e que nem faziam questão tanto assim. E mesmo, os abraços nunca dados só são percebidos depois que já não são possíveis de serem apertados. 
Triste, ele sentou-se no caixote que trouxera no caso de precisar de suporte pra abraçar algum cliente bem mais alto que ele, sustentou o queixo com as próprias mãos, respirou fundo, desesperançado e convicto que, diante do fracasso, não retornaria no domingo seguinte. 
Eis que já quase indo embora, ele sentiu uma mão no seu ombro fofo. Virou-se e notou uma moça linda, de sorriso largo e olhos brilhantes trazendo consigo uns livros e duas rosas. Ela perguntou o preço do abraço, sorrindo ele respondeu: "é outro abraço! Nada mais triste do que abraçar o outro sozinho, não é?"
Ela achou o preço muito justo. Largou os livros no caixote e se abraçaram por 30 segundos. Ao se afastarem, ela sentiu que talvez precisasse de mais, e resolveu que iria gastar mais um abraço dos seus. O vendedor, como bom empresário que era não podia recusar cliente, então vendeu mais um abraço apertado a moça.
Aquele era de fato um negócio promissor, pois os índices de inadimplência eram zero, uma vez que ao comprar um abraço, o serviço já era pago no ato do recebimento do produto, sem opções de parcelamento nem prazos. E se tivesse um único cliente por dia, já era mais que suficiente pra mantê-lo por uma semana ou mais sem se sentir tão sozinho. 
Aquela moça linda, como forma de agradecimento por aquele empreendedor tão ousado ofertar um negócio tão útil à cidade, lhe entregou uma das rosas que trazia consigo.
Diante daquele ato, ele simplesmente ficou em silêncio e desconcertado, pois ela estava pagando mais do que o justo.
Ela percebendo o seu desconcerto, disse que sempre que você oferta carinho verdadeiro, as recompensas são sempre em dobro."
Com aquele gesto, ele concluiu que aquele negócio era mais promissor do que ele havia imaginado. 

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