sábado, 31 de maio de 2014

Eu nunca amarei




Queria dizer que te amo,
 Mas esse maldito conhecimento,
Essa vergonha dos sentimentos,
Esse amadurecimento,
Esses medos que me deram o tempo.
 E tudo isso pra quê?
Pra proporcionar uma saudade eterna.
Uma bendita saudade nunca matada. 
Um sentimento sempre nulo,
Sempre adormecido,
Sempre vivo.

Queria dizer que te amo,
 Mas nem eu mesmo sei se realmente amo.
Pois essa falta de provas,
Esse amor subentendido.
Que subentendido?
Na cabeça de quem há isso?
Na minha eu nego.
Não amo até a morte.
Eu nunca amarei...
Não há amor nenhum.  
Nunca houve; amor é pros fracos,
É para aqueles não têm razões,
É pra quem não conhece as coisas belas da vida,
É pra quem vive e não reflete.
Eu, amar, nunca!
Dizer que te amo, Jamais, se não amo!
Não posso dizer que te amo,

Notas o martírio que é negar? 
Melhor seria dizer, Eu te amo.
Seco, nada além, sem regalias,
Só eu te amo... 
Mais simples que não te amo... 

Samuel Ivani


quinta-feira, 29 de maio de 2014

A tua parte nos meus sonhos



Esta maldita falta de inícios!
Ora!  Dizei-me que não é se não, vivenciar um fim eterno? 
Esta calma, esta alma que não me diz nada,
Esta falta, donde sobra sempre uma indecisão.
Estes desvarios revirando um coração
Que não pediu, nem nunca desejou ser revirado!
Quem me dera pudesse sonhar e realizar...
Mas meus sonhos, embora possíveis,
Esbarram sempre na parte que confere ao outro.
Esbarra sempre na falta de mutualidade,
Naquela falta do comensalismo necessário...
A parte que me confere é sonhar. 
A tua, é realizar...
Como eu queria acordar um dia,
E  ver aqueles sonhos que sonhei acordado
Descansando em um sono justo,
Dando espaço para a realidade...
Aquela realidade que quase não cabe nos sonhos...
Mas a vida é assim: se são sonhos,
São quase irrealizáveis...
Ora, dizei-me que esta falta de início,
Não é vivenciar um fim eterno?
Se bem que, talvez os inícios que não vejo,
São aqueles que eu não  construo.
Embora eu tente, talvez esteja começando
No sentindo errado, exatamente na ponta que é o fim...
Ora, não é certo que quem que viver os inícios
Tem que ir devagar, começar do principio? 
É! Eu apenas estou querendo burlar a regra da vida,
Querendo viver o meio, o ápice, na hora errada...  
Deste modo, vivencio o fim sempre,
Porque não me dou à chance de viver os inícios...  
Vamos pensar assim. 
É mais politicamente correto... 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Sendo eu



Sendo eu  
Não teria me apegado as coisas vãs,
Não teria me apegado..., essa é a verdade.
Não teria corrido atrás,
Mesmo sendo capaz.
Não teria buscado o que não queria,
E se não soubesse quais eram os meus objetivos
Não teria ido à luta,
Assim, seria acima de tudo eu...

Sendo eu
Não tinha sentido o vento,
Não tinha me encantado com as cores da vida.
Não tinha me sentido culpado por meus fracassos.
Ao menos aqueles que eu fracassei antes de lutar.
Sendo eu
Eu não teria amado tanto quanto amei.
Ao menos, teria amado menos,
E menos pessoas.
Gastei amor demais com as pessoas certas.
Gastei tempo demais com pessoas erradas.
Gastei tempo demais sendo a pessoa de ninguém.
Gastei tempo demais...,
Não desperdicei;  gastei o tempo amando...

Sendo eu
Não lamentaria as dores,
Muito pelo o contrário,
Eu as veneraria, 
Estas mesmas,  que me moldaram ao seu modo.
Estas mesmas, que me deram poemas,
Estas que me proporcionaram amar o passado.
Estas que me fazem feliz por ontem,
E que me farão feliz amanhã por hoje.

Sendo eu
Transformaria-me em mim.
Sendo eu
Não ouviria tanto as pessoas
Muito menos aquilo que penso delas.
Não seria o que os outros queriam que eu fosse
Não teria sido tão dominado.
Mas sendo eu, não seria este que o mundo conhece...

Então o que seria de mim?!   
  
S.I 

Lágrimas secas


Eu já chorei com a intensidade de um mundo,
Com olhos de uma nação, anseios de tribos,
Hoje, em minhas emoções egoístas,
Choro por quem não merece nem meus risos.

É com a insignificância desse amor de lágrimas já caídas,
Que levam-me as emoções pequenas, indignas;
Que hoje choro lágrimas egoístas,
lágrimas de um amor mendigo.
Há um mundo de corações,
um mundo de emoções possíveis,
E hoje choro um amor de desperdício.                                    SAMUEL IVANI.


  
        Aprendo a gostar facilmente de tudo que deslumbro, possuo talvez, o mais intensos dos amores.., e  tais sentimentos em tamanha proporções, dividi-lo com uma só pessoa seria a forma mais clara de injustiça, de egoísmo.
Quem só amou uma vez na vida, é porque não sabe o que  amar.
Amor de verdade é transferível, multiplicável e divisível.
Não amo intensamente ninguém, não porque sou insensível, ou por falta de amor, pelo o contrário; amor tenho de sobra, mas se entregasse a uma só pessoa,  não seria humanamente suportável...  
Por essa razão,  divido esse amor com muitos, e mesmo assim, consigo amar a todos, em uma proporção incalculável.     

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Típico das ilusões


Como notas, não tenho muitas escolhas.
Aquelas gotas! Ultimas gotas, se esgotaram...
Não me tornei vazio, pelo o contrário,
Enchi-me ao ponto de desistir.
Quem dera estivesse vazio;
Sempre há no vazio espaço para tantas coisas,
E me encontro calejado, sem espaços.

Deixaste o tempo cicatrizar...,
Agora é preciso  suportar a dor de não me ver ferido.  
Mas nunca fora eu!
Apenas vivo de ilusões certo tempo;
Depois; de realidade..., de realidade!
E como notas,  nunca houve...
A vida deve ser um eterno “acontecer”
Se soubesse disso, tudo seria diferente.

Mas não te preocupas!
 Já te eternizei tantas vezes,
Que serás pra sempre um passado eterno...
Serás pra sempre uma doce lembrança...

E não se preocupe em fingir.
Descobri que a maior prova do “importa-se,”
É o ato de tentar fingir qualquer coisa.  
Só quando muito nos importamos é que fingimos...
Eu fingi tantas vezes, não mais do que fui verdadeiro,
Mas fingi...

Estas palavras, ainda que pobres,
Demonstram que ainda me importo,
Mas é muito pouco mesmo.   
Não as desperdice lendo com  lágrimas.
Lágrimas nunca curaram solidão,
No máximo,  molham travesseiros, e só.

Sorria!  
O que nunca existiu não pode desaparecer...
E é típico das ilusões, com o devido tempo,  
Nem percebermos que elas existiram...
Guarde os risos!
 Não os meus ou o seus,
Os que sorrimos juntos...
                                                 Eles encheram corações!                                         S.I 

terça-feira, 20 de maio de 2014

"A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude" François duc de la Rochefoucaul



Poderíamos dizer que,   é tão humano fingir ser  o que não somos, que chego a pensar que as virtudes, intimamente em cada um, não existem.  O legal que existindo ou não, outros vão prestando homenagem imitando a hipocrisia do próximo,  assim, mudamos o mundo, devido uma virtude simulada que ninguém tem coragem de afirmar que, na verdade, não carrega consigo.... É uma vantagem enorme a hipocrisia, partindo do principio da moral pública.  

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sacrifício


Vem ela, dança ao meu redor,
Rebola a dois passos de mim,
E mesmo assim, tão perto,  apenas a sinto;
Não vejo suas curvas,
Não vejo suas curvas suadas!
Posso ver as estrelas, posso ver a noite
Posso sentir o ar frio,
Mas suas curvas não!
E dói.
Posso sentir também o calor alaranjado
De fogueiras e tochas em toda parte.
Mas o que me dói mesmo é não poder vê-la;
Ver as curvas, os movimentos da morena
Que dança e rebola a minha volta.
Há nesta mesma cena,
Muitas folhas, daquelas verdes e triangulares,
Há homens, tão negros quanto à morena que dança.
Não estão famintos de gente,
Mas desejam alimentar-se de uma divindade,
Que não encontram em si mesmos.
Eu não ligo os cipós que me amarram,
Não me importo com a dor,
Ou porque às vezes vejo só o céu,
Ou só o chão...  
Dói-me apenas o fato de,
Eu não conseguir ver a morena que rebola,
Tão humana e tão suada...
Ela dança em minha homenagem
E eu, não posso vê-la.
Que injustiça da vida, esta que se cessa
Quase sempre no jantar.
Esta morena que dança com poucas vestes,
Daquelas de capim,
De cores que realçam suas cores,
Que realçam o seu brilho,
digo que,
O maior martírio no fim da vida
É não ver a morena que dança em minha homenagem...
Ao menos, me desprendo do veneno da vida,
E  sirvo de alimento para quem tem fome,
Para aquela morena que dança...   

                                                                       S.I 

sábado, 17 de maio de 2014

Excêntrica vírgula


Oh!  Veio-me à saudade das rimas,
Das lindas palavras jogadas fora,
Das finas risadas fogosas,
E das rosas que o “hoje” encobre.  

Uma saudade das prosas,
Da inocência do desconhecer,
Daquele doce prazer,
Das incertezas de outrora.  

Revi as doces curvas dos teus olhos,
Naquela reta despretensiosa,
E apesar da saudade, Hoje,
Meus olhos sem curvas não choram.

Veio-me uma saudade das linhas,
Essas mesmas que hoje gasto,
Na esperança que teus passos
Corram como de uma menina,
Para as curvas de uma esquina,
Daquele amor acabado.

Ocorreu-me, de sopapo uma saudade,  
Ainda bem! 
Pois sei que, 
Tudo que vale apena pra gente,  
Acontece de repente...    

S.I 

terça-feira, 13 de maio de 2014

Sinopse de minha nova obra

                                             Capa meramente ilustrativa


Sinopse:  Se os cães falassem...                                                                                                       
 A Todas as vidas que vivi e convivi enquanto avidamente morria...  
                        Giuliarde Campos de Almeida Setubal

“Se os cães falassem...” Narra à vida de um menino chamado Giuliarde, cujo é largado nas ruas aos oito anos, ou mais, em meio às mazelas de uma cidade do século XIX. Cidade esta, em constante crescimento devido à passagem de uma ferrovia e a descoberta de garimpos nos arredores daquela que outrora fora um pacato e pitoresco vilarejo rural. Muitos dos moradores se veem encantados com aquele novo mundo. Junto com as ascensões, chegam também ao vilarejo, charlatões galantes, que ludibriavam as filhas dos fazendeiros, as desonrado, e abandonado-as pouco tempo depois, algumas inclusive grávidas. Desta forma, obrigando as moças a povoarem os bordeis que se instalavam na cidade a esmo, para atender operários e garimpeiros viris. Giuliarde nasce de uma dessas moças inocentes, mais sem muitas condições de criá-lo o abandona nas ruas da cidade.                                                            
Em meio à solidão, sem nada palpável em que o personagem pudesse se agarrar nas ruas, ele encontra em meio ao lixo um cãozinho, do qual este se torna seu fiel escudeiro em sua jornada. Giuliarde encontra em seu cão, alguém para dividir as dores e alegrias da vida nas ruas, e junto com seu fiel escudeiro ele vai descobrindo a vida, tanto no sentido filosófico como no sentindo concreto; descobrindo as mudanças do corpo e da alma, enquanto faz de tudo para deixar de ser invisível. Giuliarde se aventura por a arte da pantomima ( Arte da mímica) e é nesta forma de expressão que ele encontra um meio de ser visto por a sociedade hipócrita da época. Além de um enredo intrigante; repleto de mensagens subentendidas, personagens misteriosos, e segredos, o livro é repleto de teorias sobre o comportamento humano, tudo isso, numa vida de um ser humano simples. O livro é em suma, a construção do homem em todos os âmbitos da vida. É a construção de um grande homem, que independente do que a vida lhe impõe, luta contras as adversidades com o que tem em mãos, que é a própria mente humana.                                                                                           
O livro é narrado em primeira pessoa por Giuliarde, este já aos setenta e três anos. Sendo que os anseios e aspirações da idade em questão são também incluídos no livro. Em “Se os cães falassem...” é narrada toda uma vida de um personagem marcante, cujo fora inteiramente moldado a dor e sofrimento. Sendo que de acordo em que o personagem cresce, são narrados com graciosidade as aspirações e questionamentos de todas as faixas etárias da vida. O livro trata da questão social inerente ao período histórico do início do século XIX, em que predominava uma sociedade extremamente católica, patriarcal, e de moral controversa. O livro faz previsões do futuro, mostrando o ponto de vista do personagem para os tempos seguintes, partindo de suas observações do seu presente, assim o leitor pode comparar em que evoluímos e em que retrocedemos. Não se enganem! “O homem, essencialmente continua o mesmo, são as ideias que evoluem de geração para geração e de pessoa para pessoa.” S.I

Este livro não necessita de regalias, precisa ser apenas lido. Ele já nasce um clássico, pois fora escrito a moda antiga, utilizando apenas minha mente como fonte de pesquisa. Ele é literatura em sua forma pura, com várias camadas subentendidas, com alta criticidade, e claro, ironia. É um livro universal e atemporal, pois fora inspirado no instinto humano, e escrito com aquele individualismo essencial para um livro de qualidade.  É no mais profundo recôndito da mente do homem, onde ele é menos racional, que se encontra a chave para a perfeição.
 - Acho que me encontro com a mesma sensação de grandeza de Raskolnikov em Crime e castigo; mas as evidências não me permitem pensar diferente.  

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Abismos



Se tudo se encontra bem,
Anda longe de estar tudo bem,
Pois sem aquela insegurança,
Sem aquele desequilíbrio para esquerda,
Ou que seja para a direita, pouco importa,
Nada de real existe...
Descobri que apenas amo intensamente,
A beira do abismo.

Se me vem àquela certeza,
Se me encontro no auge,
No vivenciar aquela calma da segurança,
Não me encontro bem,
É preciso aquele pé na corda bamba,
É preciso aqueles espinhos imaginários,
Para que eu ame intensamente.
É preciso sempre aquela falta de certeza,
Para manter aquela dúvida eterna do que fazer.  

Assim, na despedida eu pediria um beijo,
Sabendo que talvez não concedesse,
Eu pensaria em roubá-lo,
Mas seria possível que se irritasse.
 Então melhor seria, pedir um abraço,
Mas imaginando  que não daria,
O correto seria roubá-lo,
Mas vem aquela certeza, ilusória, que se esquivaria.
Então melhor seria tocar a sua mão
Utilizando-me de uma desculpa qualquer.
Mas se notasse minhas verdadeiras intenções?
Então melhor seria fazê-la sorrir com uma piada qualquer
Assim, seu sorriso significaria minha felicidade.
Mas se não conseguir fazer uma boa piada?
Neste caso, melhor ignorá-la
E fingir que  não vai fazer falta...
Como ver, não há insegurança maior
Que nos abismos dos amantes... 

sábado, 3 de maio de 2014

Ócio




Solidão daquele tipo que não falta ninguém.  
Ócio, de uma vida sem acontecimentos.
Lamento o tempo que passou e não vi,
Embora ainda passe na mesma proporção e,
Catastroficamente, nada faço.
- Não poderia eu, parar o tempo? Pra quê!  
Ostento esse tempo que me sobra, e mesmo,
Cá, não posso fazer nada.
Salvo, sonhar, assim como tantos...   
Assoviar, para o tempo que passa e,
Vadiar com ele, sem preocupações.
Assombro-me com o passado,
Inspiro-me no futuro e,
De repente, prendo-me ao um tempo inútil.  
Naquele mesmo que não vivi...
Acordo para o presente, às vezes, e
Lamento, não  ter amado aquele tempo e, 
Recordo-me de um amor do futuro,
Em que nunca deveras amei...    
                                                                           Samuel Ivani

sexta-feira, 2 de maio de 2014

De mãos beijadas




Trouxeram-me em uma bandeja de cipó uma vida já pronta. 
Não que fosse uma boa vida, 
mas de toda maneira, já se encontrava feita.
Era uma vida que seguia aquela ordem, 
em que eu viveria pouco, e se muito, 
levaria uma vida resumida apenas, a dia após dia, 
lutar pelo  meu próprio oxigênio.
Qualquer coisa além seria egoísmo,
Loucura aos olhos dos outros.

Trouxeram-me, diante da dor, uma vida já sabida,
E não me foi dado escolhas de ser diferente;
Tinha que seguir aquela ordem
Que todos julgavam como certa,
caso não a seguisse, tinha também destino certo.
Não que já fosse a vida atribuída a mim grande coisa,
Mas se não a aceitasse, certamente, viveria pouco.
Se muito, viveria como um louco,
Daqueles que todos julgam a escória do mundo.
Um mísero nada! É! Um mísero nada!

Atribuíram a mim, uma vida já certa,
E não foram as pessoas que a trouxeram
Foi à vida árdua antes delas que destinaram a mim,
Uma vida simples em que trabalharia, casaria, talvez, 
caso trabalhasse o suficiente, seguiria determinada crença,
Mesmo que ela não me trouxesse vantagem nenhuma,
Mas haveria eu de segui-la, caso do contrário, 
o inferno me aguardaria.
Moraria numa casa de quatro cômodos,
Esta, de barro amassado por meus próprios pés.
Teria muitos filhos,
E entregaria a eles, mesmo sem querer,
Inúmeras vidas já prontas em uma bandeja de plástico barato.
E depois de um tempo, morreria.
É! morreria, assim como todos.
Sabe, de todas essas coisas,
Morrer seria a mais simples.

Mas depois de tanto tempo passado,
Julgo que esta vida que me trouxeram em uma bandeja de cipó, 
era a certa a ser seguida.
Lutei contra, não a aceitei,
Julgava-me melhor que ela,
Que havia nascido pra grandes coisas
E vejam, estavam todos certos, 
sou um mísero nada!


Samuel Ivani