segunda-feira, 27 de julho de 2015

Graça humana



Eu devia ter me calado!
Ou melhor, sabiamente ter permanecido em silêncio,
De modo que todos percebessem que sou mudo.
Tenho sofrido enxovalhos de todos;
da senhorinha que vende doce de bicicleta,
Ao moleque de dezesseis anos que sequer sabe o que quer.   
Tenho proferido juras de amor aos ventos e o mundo e,
por esta razão, tenho sido motivos de risos de adolescentes,
de criancinhas que ainda brincam de boneca, 
tudo isso pelo fato de falar em demasia.
Quem me dera eu fosse sábio o suficiente pra sempre permanecer em silêncio.
Tenho xingado as minhas amigas de feias,
De putas medíocres, de vadias,
Quando na verdade tenho o desejo apenas de elogiá-las,
pelo simples fato de serem mulheres.
Devia ter me declarado mudo desde a minha juventude,
Talvez por essa altura tivesse conquistado o respeito dos que me cercam e,
não seria esse maldito ignóbil que sou.
Se ao menos tivesse papas na língua,
ou que apenas tratasse de política, economia,
Mas tenho que comentar os fatos corriqueiros da vida:
Esses acontecimentos medíocres que dão graça a existência.
Ah, a vida é uma piada e apenas os idiotas levam-na a sério.
É preciso contá-la assim florida!
Ora, viver talvez não seja tão bom quanto comentar a vida.
"Pode-se refrear um cavalo selvagem, mas não a língua do homem."
Eu devia mesmo era não ouvir!
Aquele que não ouve, não diz, não acrescenta, não importa.
Porém eu compreendo que sou escritor simplesmente pelo fato de que,
contar uma vida é infinitamente mais fácil que vivê-la.  
Devo ouvir e contar apenas a mim mesmo, 
assim, não machuco a mim, nem os demais. 

Martírio idiota!


 SAMUEL IVANI 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Dimensões


Edward Hooper


  Sabe aquele livro que te faz perceber que tua história não tem nada de original? Encontrei essas características no maravilhoso livro pergunte ao pó de Jhon Fante:

"Oh Bandini, falando com o reflexo no espelho da penteadeira, quantos sacrifícios você faz por sua arte! Podia ser um capitão de indústria, um comerciante rico, um jogador de beisebol da grande liga, o arremessador líder com uma média de 415; mas não! Aqui está você, arrastando-se ao longo dos dias, um gênio passando fome, fiel à sua sagrada vocação. Que coragem você possui!"


Essa soberba boba, pra quê? Tantos outros já viveram exatamente o que tu vives como sendo único e inimitável.
Essa poesia reflete como me sinto em relação à esse acontecer lento da vida:

DIMENSÕES 

Que injustiça!Meus reis! Que injustiça!
Eu ter essa mente tão ampla, incrustada nesse corpo tão limitado.
Eu, por força, tenho que estar em meio aos sábios,
Ao posso que também é preciso que eu
permeie sempre a roda dos escarnecedores sem inteligência.
Tenho dessas de onipresença mental,
Porém carrego um corpo tão limitado.
Se bem que, de que me serve essa mente tão ampla, se a vida
requer apenas que eu arranje um emprego,
Que me alimente, que compre vestes, sapatos
Que coisas ridículas!
Um homem com a mente que eu tenho,
Tem apenas que se dispor embaixo de uma oliveira e lá,
esperar atingir o nirvana.
Um homem com uma mente tão ampla,
Tem apenas que romper o filme de água na terra seca,
Abrir rolos de papiros nos desertos e,
mentir sobre milagres que viu nas culturas alheias.
Ora, não é esta a receita pra a confecção de um herói?!
Uma mente tão ampla, com o poder de voltar no tempo,
Com a certeza de que consegue voar,
Tem que, quase sempre,
caminhar maltrapilho em público,
sofrendo humilhações de pobres coitados assalariados,
com suas soberbas somadas a minha incapacidade de ser simples.
Eu carrego comigo aquela mania de grandeza tola,
Que me impede de ser pequeno, exatamente como a vida requer.
Que injustiça meus reis! Que injustiça!
A vida requer apenas que eu me reproduza,
Que deixe minha herança pra prosperidade,
Que cerque alqueires e mais alqueires de terras,
Que construa uma cabana,
e que dê aos meus filhos a tarefa de cuidar dos rebanhos.
Mas que posso eu fazer, se as terras de hoje têm tantos donos?!
Salvo os solos férteis que carrego em meus sonhos,
Todos eles sólidos, calibrado em minha mente ampla.
Lá, cada partícula é minha,
Ninguém pode tirá-las de mim!
Só eu que posso dar ao mundo léguas
e léguas de campos floridos,
sob a sentença deles serem infinitos.
Injustiça é, porém, a falta de interesse desse mundo!
Ó! que tempos difíceis meus reis queridos!
Que tempos difíceis...!

Samuel Ivani





domingo, 19 de julho de 2015

Ventos da tarde filha...

Pai e filha Gustave Caillebott


- Senta-te que ainda não terminei!
Nesse teu início, pensas tu que sabes o que é melhor para ti, é natural.
A gente pensa que se temos asas, temos mais é que usá-las,
Não importa se não sabemos para aonde vamos.
Deixa eu te dizer que, às vezes, 
o fato de termos todas as direções a nossa disposição,
demonstra apenas que não temos critérios ao escolher.
Logo, qualquer caminho que escolhermos, será sempre o mais árduo.
É melhor esperar!
Nem sempre abraçar as todas as oportunidades é bom.
Não chore! 
O tempo afunilará as opções.
-Aonde vais? Senta-te!
É preciso que tu compreendas que o amor,
Essa coisa que nos tira as necessidades,
Ele se repete um milhão de vezes na nossa vida,
ou reaparece, não importa. 
Sejas sábia. 
Ame, exageradamente, e tenha cautela apenas em receber amor.
Nem sempre o que o nosso amor julga como sendo amor, é verdadeiro.
O coração tem dessas artimanhas.
Julgue amor aquele sentimento sem cobranças,
Que suporta a ausência, que ama a presença,
E principalmente, que não te faz ser outra pessoa.
Quando um sentimento a obrigar a agir diferente de quem tu  és, não é real.
Um dia, muito tarde, notarás que o outro amou um personagem de ti e,
tudo acabará em infelicidade.
Mas escute bem, não existe conselho que sirva para o amor. 
Por isso digo-te agora:
Ame, mas sejas sábia, não para fazer uma boa escolha,
Mas para construir um amor que suporte!
Qualquer coisa que for além de tuas forças, julgue insanidade.
- Bobagem! Tudo bobagem, eu sei!
Mas acalma-te, ainda há muito que falar!
Mas não agora! Apenas saiba,
que quando necessitares de um abraço,
o encontrará nesse velho rabugento que te deu asas.
Ofereço as asas, mas só depende de ti aprender a voar.   
Apenas tenha como certo que, após a última corrente de vento,
ainda há tantas por passar.
Amo-te!  







sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sempre acreditei ser escritor

"Minha história não segue a ordem da maioria, pois antes mesmo de ler qualquer livro, me veio a mente que havia nascido pra ser escritor."  Devo ter sido, irrefutavelmente, o maior idiota do universo. 

         Eu e meus irmãos no ano de 1995. Minha expressão reflete o quão ardente é o sol do meu querido Ceará


Há algum tempo, pouco  mais que um ano, ocorreu-me que deveria escrever um livro, pois tinha a certeza que eu sempre fora um escritor... Porém, eu nunca sequer tinha lido um livro em toda a minha vida. Definitivamente, eu não era um leitor. Então comecei mesmo sem saber escrever, a estória, cujo intitulei inicialmente “Ação e reação.”Apenas consegui escrever vinte páginas. Como nunca tinha lido livro algum, a escrita estagnou e não consegui continuar. 

Minha gramática era desastrosa..., a pontuação incrivelmente errada, concordância não havia... Enfim: todos os erros que se pode cometer na gramática portuguesa havia nestas vinte páginas cujas eram praticamente ilegíveis. Hoje, quando verifico os originais fico horrorizado. Percebi que se eu queria terminar um livro em minha vida, era preciso ler; tanto para aprender um pouco de gramática, (sei que ainda me encontro longe do razoável neste quesito cujo considero essencial para um escritor) quanto para que as ideias fluíssem.
O enredo eu tinha em minha cabeça, no entanto, não conseguia dá vida ao texto, pois não tinha ideia de estrutura, tão pouco de tempo da narração ou qualquer coisa que o valha... 

Então baixei uns livros, pois não tinha dinheiro para comprar livros físicos,(ainda não tenho) e comecei ler... Primeiro livro que li fora “O quinze” Rachel de Queiroz.  O li em menos de uma hora, e logo que terminei, iniciei “Memórias póstumas de Brás cuba” Machado de Assis. Ao ler estes livros me senti pronto para escrever. Doce ilusão! Iludido ou não, escrevi o livro inteiro motivado pelo fato de ter encontrado um jeito de dá todo o sentido ao livro o vivendo na vida real. Eis que, o intitulei de “O escritor de fábulas”.

A ideia era perfeita, eu tinha várias pequenas estórias que nunca conseguia dar continuidade, então as transformei em fábulas e comecei testá-las em minha vida cotidiana. Deste modo, todo dia tinha o que escrever e rapidinho o terminei. Ansioso e crente em minha obra prima, enviei o original para várias editoras com a certeza que logo minha genialidade seria reconhecida. Mais uma doce ilusão! Eu não sabia o mínimo de gramática, portanto, não sabia reconhecer os erros. Então sem resposta, resolvi corrigi-lo, pois eu pensei que era devido aos erros gramaticais que eu não havia recebido resposta. 
Sequer conhecia o mercado editorial. Eu era um cara que acreditava ser escritor vivendo mentalmente em uma época em que se dava um valor enorme aos escritores e intelectuais que era o século XIX e outros antes deste; eu estava vivendo a época que lia em meus livros e crente que obteria o mesmo êxito dos personagens dos livros de literatura clássica. Então dei uma corrigida de leve, da maneira como conseguia, e pensei que daquela vez eu receberia várias repostas. De fato recebi, no entanto, na maioria eu precisava investir uma quantia para que meu sonho se realizasse, porém, eu não tinha dinheiro. Eis que um dia qualquer, depois de muito esperar, recebi uma proposta cujo não tinha que pagar nada pela publicação. Fiquei super feliz, eu tinha apenas que arranjar um revisor para meu texto. 

Fato foi que, depois que eu recebi o contrato e assinei, eu busquei alguém para revisar o texto, mas as pessoas que pedi não se prontificaram a ajudar. Bem, não obtendo ajuda, resolvi que eu mesmo ia revisar, eu já tinha lido uns quinze livros, já compreendia um pouco mais de gramática. Esta Fora mais uma doce ilusão... Fato foi que, fiz uma breve revisão e enviei o texto para a editora imprimir. Daí, depois de um bom tempo, o livro finalmente saiu cheio de erros grotescos. 
Enfim, O escritor de fábulas é um livro inspirado unicamente na vida ouvida e vista, sem influências de outros livros. É um livro inspirado no instinto humano puro. Assim como um leigo cria coisas extraordinários, sem professor ou coisa do tipo, apenas observando, eu observei a vida e escrevi o escritor de fábulas. Sempre acreditei que era um escritor, então escrevi um livro diferente, estranho até, em que a versão impressa ainda tem muitos erros de pontuação e é ilegível. O livro possui uma imaturidade literária bem acentuada... Uma obra prima talvez ele nunca seja, mas nunca dantes fora escrito algo tão humano em sua forma rústica e sincera, sem o eufemismo e hipocrisia inerente a vida em sociedade. Quanto ao vocabulário do livro, ele é bem rico, pois ouvindo é que se aprende a falar... Ao ler o escritor de fábulas, é possível que se compreenda o homem em sua essência, pois todas as teorias descritas nele partem do homem como um ser animal que busca a perpetuação da espécie, como todo ser vivo na natureza. 
“ É no mais profundo recôndito da mente do homem, onde ele é menos racional, que se encontra a chave para a sua compreensão.”

O escritor de fábulas é mais um artesanato do que propriamente um texto escrito, o confeccionei a partir de meus conhecimentos empíricos adquiridos em anos de observação da vida humana. Espero que as vidas que se sentirem dentro do livro me perdoe por ser tão presunçoso, por ser tão verdadeiro em alguns momentos do livro. “Veneramos a verdade, mas a omissão desta verdade é o que nos matem juntos”. Aqueles que o leram, e que ainda há um pouco de humanidade pura e verdadeira em sua mente, irá aprender muito com ele. De qualquer maneira, quem o ler, será personagem da história, querendo, ou não. 

Aos meus amigos, pelo os quais tenho um carinho enorme, eu peço desculpa se alguma coisa no livro vier a machucá-los, pois foi intencional, mas lhes garanto que é pura ficção. E mesmo, “O escritor de fábulas” é passado, ele apenas se encontra escrito, não vivo mais suas fábulas na vida real. 

"31/10/2016 Nota: Eles não entenderam. O livro, precursor de meu grande sonho, tornou-se a maior decepção da minha vida. Afastei meus amigos por um tempo, perdi o amor da minha vida. Perdi os amores da minha vida. Hoje não consigo olhar para o livro sem sentir náuseas, sem que queria me desmanchar em prantos, pois me arrependo amargamente por tê-lo escrito. Ele não é nada disso descrito acima, ele é simplesmente a fórmula pra um homem se desconstruir, pois sozinho, ninguém existe.  Eu fiquei sozinho. Fiz promessas que jamais poderei cumprir e só tenho mais um ano."  I want desapear 

Há muito tempo, quando assisti ao filme “A procura da felicidade” e ouvi a seguinte frase: “Esta parte da minha vida, esta pequena parte, chama-se felicidade” Eu prometi pra mim mesmo, que um dia iria dizê-la também, e não seria apenas repetição de uma frase simples, e sim, que ela iria fazer todo sentindo para mim. Então eu imaginei que o dia que eu poderia deixar fluir esta frase de todo sentido pra mim, seria no dia que eu me encontrasse com o livro impresso. E não foi! Percebi que esta felicidade só será atingida quando eu me for e eu irei.  Pois a felicidade, por mais que a vinculemos com algo material, ela sempre parte das pessoas que amamos. Ainda não pude dizer a frase, mas quem sabe um dia! 

A Guerra do tamanho dos homens

                                Cabeça da guerra, Salvador Dali




Em meio a silvos de balas, cadáveres, 
gritos de homens cientes da necessidade de gritar,
Caminham formigas, inúmeras delas,
Cada uma com uma pequena parte de uma folha
dez vezes maior que seu tamanho.
Que discrepância!
    Elas não sabem para onde vão,
    Apenas sabem que ao chegar precisarão retornar.
    Quão livres são as formigas!
    Saber induz ao erro, formigas não erram.
    Vejam, os homens gritam:
    "Mais munição! Acertei mais um"!
     As formigas carregam as folhas
    enormes para o seu tamanho,
   Um cabo passa, pisa-as, mata tantas e diz:
   "São muito pequenas, não tem importância."
   As que restam continuam sua jornada.
   O cabo acerta mais um, sai em disparada:
   "São tantos"!
   Que discrepância meu Deus!
   As formigas acumulam alimento para épocas de escassez,
   Os homens acumulam maneiras de não dividir mesmo em abundância.
   As formigas caminham em meio aos homens,
   Os homens buscam caminhar em meio aos deuses!
   Não vejo diferença, só discrepância!
   Homens escolhidos brincam de Deus,
   ou se dizem instrumentos divinos pra matar seus semelhantes!
   É a guerra do nosso tamanho!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Uma estrela que se desenvolve

Pintura de Edward Hooper! 



Tu és um insulto aos meus olhos.   
Um sonho descabido de um dia quente,
pouco mais que tarde indiferente,
pouco mais que se escavem as sementes
desse meu amor impossível e indecente.
É um salto no futuro,
Uma “pirralha” em cima do muro.
Um sorriso desafiador, um cheiro de gente,
Um toque despretensioso, um colo carente.
Um toque querendo, sem desejo, no escuro.
Tu és de fato uma perdição,
um achado num coração senil,
Uma provocação à parte jovem
desse velho viril.
Tu és, de fato, um entrave ao louco vil
que se esconde no rosto sóbrio desse tolo terrível.
Oh morena! há pouco sabe
do tesouro avassalador que representa.
Tu és, de fato uma perdição;
Um toque liso dos primeiros pelos,
Uma saúde quente, que arde em desespero.
Ao menos existisse, essa pele morena,
esses olhos grandes, esse amor,
Essa futura águia do deserto,
dilaceradora de corações desavisados.
Pobres coitados que terão o prazer de sentir tuas garras,
De experimentar a dor que será não ter te amado no passado.
Oh pequena luz incandescente.
Sombrios serão os iluminados por ti
minha Águia do sol escaldante.
Tu és, de fato, um insulto aos meus olhos,
Uma perdição para meus órgãos.
Oh morena! Há pouco sabe
do tesouro avassalador que representa.  

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terça-feira, 14 de julho de 2015

Eis que me dei conta


Eis que retorno a minha condição natural; aquela sensação estranha, ou melhor, aquela certeza humilhante de que fui idiota o tempo todo. Depois que os sentimentos passam, todas as ações perdem o sentindo. O que não muda são as letras das músicas que relacionamos aquela pessoa que um dia alimentamos qualquer coisa muito parecida com amor. Alguém precisa avisar os vizinhos, no rádio, enfim, ao mundo, que eu não consigo mais ouvir aquelas músicas. O problema de relacionar músicas às pessoas é que as músicas não mudam de acordo com as nossas desilusões. Já as pessoas mudam o tempo todo. Eu mudo num piscar de olhos, principalmente a direção do meu olhar.

Hoje vivo aqueles embaraços corriqueiros tão conhecidos meus; aqueles que nos levam a pensar, o quão bobos fomos, ao agirmos impulsionados por qualquer sentimento que nos dominava. Não os  repugno, não os torno menos nobre do que os sentimentos que sentia enquanto vivia aqueles amores que inventei em minha mente. Todos são dignos de honra e me constroem de alguma forma. A verdade é que existem pessoas intensas demais, que não se contentam com meios termos. Essas pessoas acabam utilizando sentimentos que seriam suficientes para serem gastos em anos em poucos segundos, pois  o desgaste é proporcional à intensidade. - Acabo de desvendar uma lei matemática e relacioná-la aos sentimentos humanos. - Vejam: como posso eu menosprezar os amores que inventei todos esses anos, se eles me rendem tantas descobertas importantes?! Isso é muito clichê!  

Uma vantagem meus queridos leitores: a partir de agora, me terão sendo eu de novo, com aqueles poemas fortes, sem hipocrisia, sem a tentativa tola de não decepcionar alguém. Mas uma vez eu quero que o mundo se exploda e obviamente, que leve junto os hipócritas que por aqui vivem melhores do que eu.  Que se vão com suas frases clichês, com seus sentimentalismos baratos...!

Cumprindo a promessa de Arnold Schazenegeer: eu voltei e  comigo, diferentemente do que se espera, não voltaram às andorinhas, e sim corvos, abutres, hienas, dilaceradores de vísceras, exatamente como as pessoas que dilaceram meus sentimentos gratuitos. É natural dos homens menosprezarem o que lhes é oferecido sem a exigência de recompensas. Eu é que sou bobo demais. 

É Dostoiévski, seguindo seus conselhos tenho sido idiota desde a minha juventude, espero que a sabedoria me surja a qualquer hora, como prometido.   


ME AGUARDEM!  

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Filosofia da simplicidade: As vantagens da ideia de Deus




Em um dia qualquer, de um ano tão pouco importante, carregava um senhor em sua motocicleta uma caixa de leite, sendo que nesta caixa haviam 12 embalagens de tamanho menor, fato que não nos irrelevante nesta história. Em um declive da estrada calçada em que nosso herói pilotava, devido a velocidade, duas das embalagens menores caíram tendo todo seu conteúdo derramado as quentes pedras daquela manhã de verão. Vendo que as caixas caíram, o senhor reduz a velocidade, dá meia volta, nota o leite derramado e, sem saber o que fazer, pois estava indignado com aquele prejuízo, desce da motocicleta, senta no meio fio da estrada e passa a refletir sobre o que lhe acabara de ocorrer.
Eis que compenetrado em suas reflexões, ele chegou a conclusão que diante daquela situação irremediável, havia apenas três opções de atitudes a serem tomadas, vamos a elas: O nosso herói, conscientemente, poderia atribuir aquele infortúnio a sua imprudência, pelo o fato de não ter amarrado a caixa direito, ou mesmo por ter corrido demais naquela estrada esburacada. Porém, pensado sobre esta opção, ele notou que seria se martirizar demasiadamente por um acontecimento irrisório e ele não iria se propiciar o próprio sofrimento racionalmente, seria loucura. A segunda opção seria, atribuir aquela fatalidade ao acaso, fomentando que essas coisas acontecem e que, por ele não ter controle sobre o acaso, não iria sentir-se culpado por isso. Porém, ele não conseguia tirar da cabeça, que ele poderia ter previsto o fato o evitando, pois aquele problema lhe parecia banal demais para não ter sido imaginado antes.

Não conseguindo livrar-se da culpa, nem do martírio que essa culpa lhe proporcionava, chegou nosso herói na terceira opção, que seria atribuir o seu prejuízo ao poder divino, tendo como fomento que Deus sempre escreve certo por linhas tortas e que, na verdade, aquilo era o plano do Senhor pra que ele aprendesse algo aquele dia. Tendo em vista que com a terceira opção, além de livrar-se da culpa e livrar-se da dor que ela lhe conferia, ele também, tirava vantagem de uma situação que para muitos daria apenas pra amargar um pequeno prejuízo. Racionalmente, nosso herói optou pela terceira opção, retornou para a sua motocicleta feliz, ainda lhe restava dez embalagens.

Vejam meus caros, onde se encontra a vantagem da ideia de Deus para os homens: livrar-se da responsabilidade de algo, da culpa; do martírio que é está no controle da própria vida. Deus surgiu na mente dos homens para facilitar a vida, pois nos fornece a certeza, embora ilusória, de que não iremos enfrentar o fim, pois somos os únicos animais que temos ciência da morte, isso torna a vida um martírio. Deus nos alivia em parte, essa angustiante realidade ao nos prometer uma vida no céu, mesmo depois que a natureza nos venceu.

Não odeio Deus, até porque, tendo por ele qualquer sentimento, eu estaria admitindo a sua existência. Até concordo com a ideia dos Deuses, quando elas são como as do nosso herói, que nos facilitam a vida. O problema é quando alguns fanáticos levam a sério demais e cometem loucuras.